sexta-feira, 17 de abril de 2009

Dia 20 - Restaurando a comunhão quebrada


[Deus] restaurou o nosso relacionamento consigo por meio de Cristo e nos deu o ministério da restauração de relacionamentos.
2Coríntios 5.18; gwt


Sempre vale a pena restaurar relacionamentos.
Uma vez que a vida consiste em aprender a amar, Deus quer que valorizemos os relacionamentos e nos esforcemos para mantê-los, em vez de descartá-los sempre que houver um desacordo, uma mágoa ou um conflito. Na verdade, a Bíblia diz que Deus nos deu o ministério da restauração de relacionamentos.1 Por esse motivo, boa parte do Novo Testamento é dedicada a nos ensinar a ter um bom relaciona­mento uns com os outros. Paulo escreveu: Se vocês receberam algo por seguir a Cristo, se o amor dele fez alguma diferença na vida de vocês, se participar da comunidade do espírito significa algo para vocês [...] concordem uns com os outros, amem uns aos outros, sejam amigos de verdade.1 Paulo ensinou que a nossa habilidade de nos dar bem com as pessoas é uma marca de maturidade espiritual.3
Uma vez que Cristo quer que sua família seja conhecida pelo amor entre seus membros,4 perder a comunhão é um testemunho deplorável para os que não crêem. Foi por isso que Paulo ficou tão envergonhado quando os membros da igreja de Corinto se dividiram em facções contrárias, chegando até mesmo a apresentar uns aos outros perante o juiz. Ele escreveu: Que vergonha! Será que entre vocês não existe alguém com bastante sabedoria para resolver uma questão entre irmãos? Ele ficou escandalizado ao descobrir que não havia ninguém maduro na igreja para resolver o conflito pacifica­mente. Na mesma carta, ele disse: Digo isto com toda a veemência que posso: Vocês devem estar de acordo uns com os outros.6
Se você quer a bênção de Deus em sua vida e quer ser conhecido como filho de Deus, deve aprender a ser um pacificador. Jesus disse: Deus abençoa os que trabalham pela paz, pois eles serão chamados filhos de Deus.7 Note que Jesus não disse “Bem-aventurados os que amam a paz, pois todo mundo ama a paz”. Nem disse “Bem- aventu­rados os pacíficos”, que nunca se incomodam com nada. Jesus disse:
Bem aventurados aqueles que trabalham pela paz — aqueles que procuram efetivamente solucionar conflitos. Pacificadores são raros porque fazer a paz é um trabalho árduo.
Como você foi moldado para ser parte da família de Deus e o segundo propósito de sua vida na terra é aprender a amar e a se relacionar com as pessoas, promover a paz é uma das habilidades mais importantes que você pode desenvolver. Infelizmente, a maioria de nós jamais aprendeu a resolver conflitos.
Promover a paz não é evitar conflitos. Fugir de um problema, fingindo que ele não existe, ou ter medo de falar nele é na verdade covardia. Jesus, o Príncipe da Paz, nunca teve medo de conflitos. Em determina­da ocasião, ele provocou um conflito para o bem de todos. Algumas vezes precisamos evitar conflitos, ou­tras precisamos criá-los e ainda outras precisamos solucioná-los. É por isso que precisamos orar pedindo a direção contínua do Espírito Santo. Pacificar também não é acalmar. Sempre desistir, agir como capa­cho e permitir que os outros sempre o atropelem não era o que Jesus tinha em mente. Ele se recusou a voltar atrás em muitas questões, sustentando seus argumentos em face de uma oposição diabólica.

Como restaurar um relacionamento
Como crentes, Deus nos chamou para ajustar nossos relacionamen­tos uns com os outros.8 Seguem sete passos bíblicos para a restaura­ção da comunhão.

Fale com Deus antes de falar com a pessoa. Converse sobre o problema com Deus. Se antes de mais nada você for orar a respeito do conflito em vez de fofocar com um amigo, descobrirá que em geral ou Deus muda o seu coração, ou muda o coração da outra pessoa, sem sua ajuda. Todos os seus relacionamentos seriam mais tranqüilos se você tão-somente orasse mais a respeito deles.
Assim como Davi compôs seus salmos, use a oração para desaba­far verticalmente. Conte a Deus suas frustrações. Grite por sua aju­da. Ele nunca fica surpreso ou chateado com sua raiva, mágoa, inse­gurança ou qualquer outra emoção. Diga-lhe, portanto, exatamente como se sente.
A maioria dos conflitos tem suas razões em necessidades não-satisfeitas. Algumas dessas necessidades só podem ser alcançadas por Deus. Quando você espera que uma pessoa qualquer amigo, mulher, chefe ou membro da família — satisfaça uma necessidade que somente Deus pode atender, você está se candidatando à amar­gura e à decepção. Ninguém pode suprir todas as suas necessida­des, exceto Deus.
O apóstolo Tiago notou que muitos de nossos conflitos são causa­dos por falta de oração: De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? [...] Vocês cobiçam coisas, e não as têm. [...] Não têm por­que não pedem.9 Em vez de confiarmos em Deus, confiamos que os outros nos farão felizes, e então nos zangamos quando eles nos de­cepcionam. Deus diz: Por que vocês não vêm primeiro a mim?

Tome sempre a iniciativa. Não importa se você ofendeu ou foi ofendido: Deus espera que você dê o primeiro passo. Não espere pela outra parte, vá primeiro a ela. Restaurar a comunhão perdida é tão importante que Jesus ordenou até mesmo que tivesse precedência sobre o culto de adoração. Ele disse: Se você entrar no lugar da ado­ração e na hora de entregar a oferta você repentinamente se lembrar de um rancor que um amigo tem contra você, abandone sua oferta, deixe-a imediatamente, procure esse amigo e acerte as contas com ele. Então, só depois de fazer isso, volte e acerte as coisas com Deus.10
Quando a comunhão é prejudicada ou rompida, planeje imediatamente uma con­ferência de paz. Não fique procrastinando, arrumando desculpas, nem prometa:
“Dou um jeito nisso um dia desses”. Programe um encontro o mais rápido possível. Demoras só aprofundam ressentimentos e pioram a situação. Quando se trata de conflitos, o tempo não cura nada; ele faz que as mágoas se aprofundem.
Agir rapidamente também reduz os danos espirituais para você. A Bíblia diz que o pecado, o que inclui conflitos não-resolvidos, blo­queia a comunhão com Deus e impede que as orações sejam respon­didas,11 além de nos tornar infelizes. Os amigos de Jó lembraram a ele que ficar desgostoso e amargurado é loucura, é falta de juízo, que leva à morte, lembram também que com a sua raiva, você só está se ferindo.12 O sucesso de uma conferência de paz em geral depende de escolher o momento e o local adequado. Não se reúna se você estiver cansado, apressado ou for ser interrompido. O melhor momento é quando ambos estão tranqüilos.

Tenha compaixão pelos sentimentos dos envolvidos. Use mais os ouvidos do que a boca. Antes de procurar solucionar qualquer desavença, você deve primeiro dar ouvidos aos sentimentos das pesso­as. Paulo aconselhou: Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros.13 A frase “cuidar de” é a palavra grega skopos, de onde formamos as palavras “telescópio” e “microscó­pio”. Significa prestar total atenção! Concentre-se em seus sentimen­tos, e não nos fatos. Comece pela compaixão, e não pela solução.
Não comece tentando conversar com as pessoas sobre como elas se sentem. Apenas ouça-as e deixe-as descarregar emocionalmente, sem fi­car na defensiva. Assinta com a cabeça, sinalizando que compreende mesmo quando não concorda. Sentimentos nem sempre são verdadeiros ou lógicos. Na verdade, ressentimentos nos fazem agir e pensar como tolos. Davi admitiu: O meu coração estava cheio de amargura, e fiquei revoltado. Eu não podia compreender, ó Deus; era como um animal, sem entendimento.14 Todos agimos como animais quando estamos feridos.
Em contrapartida, a Bíblia diz: A sabedoria do homem lhe dá paciência; sua glória é ignorar as ofensas.15 A paciência vem do co­nhecimento, e o conhecimento vem de escutar a perspectiva dos outros. Quando ouve, você está dizendo: “Valorizo a sua opinião, preocupo-me com nosso relacionamento e você é im­portante para mim”. O ditado é verdadeiro: as pes­soas não se importam com o que sabemos até que saibam que nos importamos.
Para restabelecer a comunhão, é preciso carregar o “fardo” de termos consideração para com as dúvi­das e temores de outras pessoas — daqueles que sentem que essas coisas estão erradas. Agrademos ao outro, e não a nós próprios, e façamos aquilo que é para o seu bem e assim o edificaremos no Senhor.16 É sacrificante absorver pacientemente a raiva dos outros, sobretudo quando ela é infundada. Mas lembre-se: foi isso que Jesus fez por você. Ele supor­tou uma fúria infundada e maliciosa para salvá-lo. Cristo não agra­dou a si próprio, mas, como está escrito: Os insultos dos que te injuriaram caíram sobre mim.17

Confesse sua parte no conflito. Se você realmente deseja restau­rar um relacionamento, deve começar admitindo os próprios erros e transgressões. Jesus disse que esta é a forma de ver as coisas com mais clareza: Tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.18
Já que todos temos pontos cegos, você precisará pedir a uma terceira pessoa que o ajude a avaliar suas ações antes de se encontrar com a pessoa com quem você tem um conflito. Também peça a Deus que lhe mostre quanto do problema foi causado por você. Per­gunte: “Sou eu o problema? Estou sendo irrealista, insensível ou sen­sível demais?”. A Bíblia diz: Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos19
A confissão é uma ferramenta poderosa para a reconciliação. Freqüentemente, a forma de lidarmos com um conflito cria um pro­blema ainda maior do que o problema inicial em si. Quando você começa admitindo humildemente os seus erros, isso neutraliza a raiva da outra pessoa e desarma o seu ataque, porque ela provavel­mente esperava que você ficasse na defensiva. Não dê desculpas nem transfira a culpa; apenas confesse sinceramente qualquer par­ticipação que você tenha tido no conflito. Aceite a responsabilidade pelos seus erros e peça perdão.

Invista contra o problema, não contra a pessoa. Não há como solu­cionar o problema se você estiver preocupado em identificar a culpa. Você terá de fazer uma escolha. A Bíblia diz: A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira.20 Você nunca se fará enten­der estando zangado, então escolha cuidadosamente as palavras. Uma resposta branda é sempre melhor que uma resposta sarcástica.
Na solução de conflitos, a maneira em que você fala é tão impor­tante quanto o que você fala. Se você falar de forma ofensiva, a outra pessoa ouvirá de forma defensiva. Deus nos diz: Quem tem coração sábio é conhecido como uma pessoa compreensiva; quanto mais agradáveis são as suas palavras, mais você consegue convencer os ou­tros.21 Irritar as pessoas jamais funci­ona, e você nunca é persuasivo quando é áspero.
Durante a Guerra Fria, ambos os la­dos concordaram em que algumas ar­mas eram tão destrutivas que jamais deveriam ser usadas. Atualmen­te, as armas químicas e biológicas foram banidas, e os estoques de armas nucleares estão sendo reduzidos e destruídos. Para o bem da comunhão, você deve destruir seu arsenal de armas nucleares relacio­nais, ou seja: condenar, menosprezar, comparar, rotular, insultar, ser irônico e sarcástico. Paulo resume tudo isso desta forma: Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que as coisas que vocês dizem façam bem aos que ouvem.22
Coopere tanto quanto possível. Paulo disse: Façam todo o possí­vel para viver em paz com todas as pessoas.23 A paz sempre tem uma etiqueta de preço. Às vezes custa o nosso orgulho; fre­qüentemente custa o nosso egoísmo- Pelo bem da comu­nhão, faça o melhor que puder para chegar a um acor­do, adapte-se aos outros e mostre preferência pelas ne­cessidades deles.24 Uma paráfrase da sétima bem-aventurança de Jesus diz: Você é bem-aventurado quando mostra às pes­soas como cooperarem em vez de competirem e brigarem. É então que você descobre quem realmente é e o seu lugar na família de Deus.25

Dê ênfase à reconciliação, não à solução. Não é realista esperar que todos concordem a respeito de tudo. A reconciliação se atem ao relacionamento, enquanto a solução se atém ao problema. Quando focamos a reconciliação, o problema perde importância e não raro se torna irrelevante.
Podemos restabelecer um relacionamento mesmo quando somos incapazes de resolver nossas diferenças. Os cristãos muitas vezes discordam sincera e legitimamente dando opiniões divergentes; mas podemos discordar sem ser desagradáveis. O mesmo diamante tem diferentes aspectos quando visto de diferentes ângulos. Deus espera unidade, não uniformidade. Podemos caminhar de braços dados sem concordarmos em todos os assuntos.
Isso não significa que você deva desistir de encontrar uma solu­ção. Você pode precisar continuar conversando e até mesmo discu­tindo — mas faça isso com espírito de harmonia. Reconciliação significa fazer as pazes, não necessariamente esquecer o assunto.
Com quem você precisa entrar em contato, por causa deste capí­tulo? Com quem você precisa restaurar a comunhão? Não demore mais nem um segundo. Dê uma parada agora mesmo e converse com Deus sobre essa pessoa. Então pe­gue o telefone e comece o proces­so. Esses sete passos são simples, mas não são fáceis. É necessário muito esforço para restaurar a co­munhão com alguém. Foi por isso que Pedro recomendou: Esforcem-se para viver em paz com os outros.26 Mas, quando trabalha pela paz, você está fazendo o que Deus faria. É por isso que Deus chama os pacificadores de seus filhos.27


Vigésimo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Sempre vale a pena restaurar os relacionamentos.

Um versículo para memorizar: Façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas (Romanos 12.18; ntlh).
Uma pergunta para meditar: Com quem preciso restau­rar meu relacionamento no dia de hoje?


(extraído do livro "Uma vida com propósito" do pastor Rick Warren)

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