sexta-feira, 24 de abril de 2009

Dia 27 - Derrotando a tentação


Fuja de qualquer coisa que lhe provoque os pensamentos malignos que os rapazes muitas vezes têm, mas aproxime-se de qualquer coisa que o leve a querer fazer o bem. Tenha fé e amor, e sinta prazer na companhia daqueles que amam o Senhor e têm coração puro.
2 Timóteo 2.22; bv

Lembrem-se de que as tentações que sobrevêm à vida de vocês não são diferentes das que outros experimentam. E Deus é fiel Ele impedirá que a tentação se torne tão forte que vocês não possam suportá-la. Quando forem tentados, ele lhes mostrará uma saída, de modo que vocês não venham a cair.
1 Coríntios 10.13; nlt


Sempre há uma saída.
Pode ser que às vezes você sinta que uma tentação é forte demais para ser tolerada, mas isso é uma mentira de Satanás. Deus prome­teu nunca permitir que houvesse sobre você mais do que ele colocou dentro de você para lidar com a situação. Ele não permitirá nenhu­ma tentação que você não possa superar. Entretanto, você também deve fazer sua parte, praticando quatro fundamentos bíblicos para derrotar a tentação.

Redirecione sua atenção para outra coisa. Pode lhe surpreen­der, mas em nenhuma parte da Bíblia há orientação para “resistir à tentação”. Somos orientados a resistir ao Diabo,1 mas isso é muito diferente, como explicarei mais tarde. Em vez disso, somos aconse­lhados a redirecionar nossa atenção, porque resistir a um pensa­mento não funciona. Isso só aumenta nossa concentração na coisa errada e fortalece a sedução. Deixe-me explicar.
Toda vez que você tenta bloquear um pensamento, você o empur­ra mais para o fundo de sua memória. Resistindo, você na verdade o fortalece. Isso ocorre principalmente com as tentações. Você não der­rota a tentação combatendo a sensação que ela traz. Quanto mais você combate um sentimento, mais ele consome e controla você. Você o fortalece cada vez que pensa nele.
Como a tentação sempre começa com um pensamento, a forma mais rápida de neutralizar seu fascínio é desviar sua atenção para outra coisa. Não combata o pensamento, apenas mude o canal de sua mente e concentre seu interesse em outra idéia. Esse é o primeiro passo para derrotar a tentação.
Você ganha ou perde a batalha contra o pecado na mente. O que prende sua atenção prenderá você. Foi por isso que Jó falou: Fiz acordo com os meus olhos de não olhar com cobiça para as moças.2 E Davi orou: Não me deixes ficar pensando em coisas sem valor.3
Você já assistiu a um anúncio de comida na televisão e de forma súbita sentiu-se faminto? Você já ouviu alguém tossir e imediata­mente sentiu vontade de limpar a gar­ganta? Já assistiu a alguém dando um grande bocejo e sentiu o impulso de bocejar? [Você talvez esteja bocejando agora mesmo enquanto lê isto!] Esse é o poder da sugestão. Naturalmente nos movemos para onde dirigimos a atenção. Quanto mais você pensa a respeito de alguma coisa, com mais força ela se apodera de você.
É por isso que ficar repetindo “Eu preciso parar de comer tanto... ou parar de fumar... ou de me entregar ao desejo sexual ilícito” é uma estratégia contraproducente. Ela o mantém concentrado no que você não quer. É como anunciar: “Nunca vou fazer o que minha mãe fez”. Dizendo isso, você está apenas se programando para repetir o que foi feito.
A maioria das dietas não funciona porque mantém você pensan­do em comida o tempo todo, garantindo que você ficará faminto. Do mesmo modo, um orador que fique repetindo para si mesmo “Não fique nervoso!” programa-se para ficar nervoso! Em vez disso, ele deveria concentrar seus pensamentos em qualquer coisa, exceto suas sensações. Poderia concentrar-se em Deus, na importância do dis­curso ou nas necessidades dos que irão ouvi-lo.
A tentação começa capturando sua atenção. O que capta sua atenção desperta suas emoções. Então, suas emoções ativam seu comportamento e você age baseado no que sente. Quanto mais você se concentrar em “eu não quero fazer isso”, com mais força isso o aprisionará em sua teia.
Ignorar a tentação é muito mais eficiente do que combatê-la. Uma vez que sua mente esteja focada em alguma outra coisa, a tentação perde a força. Então, quando a tentação o chamar ao telefone, não discuta com ela, apenas desligue!
Não é raro que isso signifique sair fisicamente de uma situação tentadora. Trata-se de uma ocasião em que não é errado fugir. Levan­te e desligue o televisor. Afaste-se de um grupo que está fofocando. Deixe o cinema no meio do filme. Não fique evitando o ferrão; afaste-se das abelhas. Faça o que for necessário para desviar sua atenção em outra direção.
Da perspectiva espiritual, a mente é seu órgão mais vulnerável. Para reduzir a tentação, mantenha-a ocupada com a Palavra de Deus e com bons pensamentos. Você derrota os maus pensamentos pen­sando em algo melhor. É o princípio da substituição. Você sobrepuja o mal com o bem.4 Satanás não pode tomar sua atenção quando sua mente está preo­cupada com algo mais. É por isso que a Bíblia insiste em que mantenhamos a mente direciona­da: Fixem os seus pensamentos em Jesus.5 Lem­bre-se de Jesus Cristo.6
Encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadei­ro, digno, correto, puro, agradável e decente.7 Se você realmente quer derrotar a tentação, deve administrar sua mente e controlar o que absorve na mídia. O mais sábio homem que já viveu advertia: Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos.8 Não permita que lixo entre em sua mente sem critério. Seja seletivo. Escolha cuidadosamente aquilo em que pensar. Siga o exemplo de Paulo: Levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.9 Isso exige a prática de toda uma vida, mas com a ajuda do Espírito Santo você pode reprogramar sua forma de pensar.

Revele sua luta a um amigo devoto ou a um grupo de apoio. Você não tem de espalhar para todo o mundo, mas precisa ao menos de uma pessoa com quem possa abertamente partilhar sua luta. A Bíblia diz: É melhor ter um amigo do que ficar sozinho [...] se você cai, seu amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas, se você cai sem ter um amigo por perto, está realmente em dificuldades.10
Deixe-me ser claro: se você está perdendo a batalha contra um mau hábito persistente, um vício ou uma tentação e está emperrado em um ciclo repetitivo de “intenção-fracasso-culpa”, não irá se recupe­rar por conta própria! Você precisa da ajuda de outras pessoas. Algu­mas tentações são vencidas somente com a ajuda de um parceiro que ore por você e o incentive; alguém a quem você possa prestar contas. O plano de Deus para seu crescimento e libertação inclui outros cristãos. A comunhão honesta e autêntica é o antídoto para sua luta solitária contra os pecados difíceis de vencer. Deus diz que essa é a única forma de conseguir escapar: Portanto, confessem os seus pe­cados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados.11
Você realmente quer ser curado daquela tentação persistente, que o segue derrotando continuamente? A solução de Deus é simples: não a reprima, confesse! Não a oculte, exponha. Expor seus senti­mentos é o início da cura.
Esconder a dor só a intensifica. Os problemas crescem na escuri­dão, tornando-se cada vez maiores; mas, expostos à luz da verdade, murcham. Suas enfermidades têm a medida de seus segredos. Então tire a máscara, pare de fingir ser perfeito e venha para a liberdade.
Na Igreja de Saddleback, temos visto o impressionante poder desse princípio romper o domínio de tentações persistentes e de vícios apa­rentemente irrecuperáveis, por meio de um programa desenvolvido por nós chamado Celebrate Recovery [Celebrando a Recuperação]. É um processo bíblico de recuperação com oito etapas, baseado nas bem-aventuranças de Jesus e fundamentado em torno de pequenos grupos de apoio. Nos últimos dez anos, mais de cinco mil vidas foram libertas de todo tipo de hábitos, mágoas e vícios. Hoje, o programa é utilizado em milhares de igrejas. Eu o recomendo fervorosamente a sua igreja.
Satanás quer que você pense que seu pecado e sua tentação são exclusivos e que por isso você deve mantê-los em segredo. A verdade é que estamos todos no mesmo barco. Todos combatemos as mesmas tentações,12 e todos pecaram.13 Milhões já sentiram o que você sente e enfrentam as mesmas lutas que você enfrenta neste momento.
O motivo pelo qual escondemos nossos pecados é o orgulho. Que­remos que os outros pensem que temos tudo “sob controle”. A verda­de é que qualquer assunto sobre o qual você não possa falar já está fora de controle na sua vida: problemas com finanças, casamento, crianças, pensa­mentos, sexualidade, hábitos secretos ou qualquer outra coisa. Se você pu­desse resolvê-los por conta própria, já o teria feito. Mas não pode. Decisões pessoais e força de vontade não são suficientes.
Alguns problemas estão muito arraigados, tornaram-se muito rotineiros e muito grandes para que você os solucione por conta própria. Você precisa de um grupo pequeno ou de um parceiro para prestar contas, que vai incentivá-lo, apoiá-lo, orar por você, amá-lo incondicionalmente e chamá-lo à responsabilidade. Depois então, você pode fazer o mesmo por ele.
Sempre que alguém confia em mim, dizendo “Eu nunca disse isso a ninguém”, fico entusiasmado com aquela pessoa, porque sei que ela está para experimentar um grande alívio e libertação. A válvula de pressão está para ser aberta, e pela primeira vez ela vislumbrará uma esperança para o futuro. Isso sempre acontece quando fazemos o que Deus nos manda fazer; quando admitimos nossas lutas a um amigo que seja um cristão consagrado.
Deixe-me fazer uma pergunta difícil. O que você finge não ser um problema na sua vida? De que você tem medo de falar? Você não irá resolver isso por conta própria. Sim, é humilhante admitir nossas fra­quezas perante outras pessoas, mas é exatamente a falta de humildade que o está impedindo de melhorar. A Bíblia diz: Deus se opõe aos orgu­lhosos, mas concede graça aos humildes. Portanto, submetam-se a Deus.14

Resista ao Diabo. Após termos nos humilhado e submetido a Deus, somos orientados a desafiar o Diabo. A parte final de Tiago 4.7 diz: Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês. Não nos resignemos pacificamente diante de seus ataques. Devemos contra-atacar.
O Novo Testamento descreve muitas vezes a vida cristã como uma batalha espiritual contra as forças do mal, utilizando termos que aludem à guerra, como: “batalha”, “conquistar”, “luta” e “supe­rar”. Os cristãos são muitas vezes comparados a soldados servindo em território inimigo.
Como podemos resistir ao Diabo? Paulo explica: Usem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.15 O primeiro passo é aceitar a salvação de Deus. Você não será capaz de dizer não ao Diabo, a menos que tenha dito sim a Cristo. Sem Cristo não temos defesas contra o Diabo, mas com “o capacete da salvação” nossa mente é protegida por Deus. Lembre-se disto: se você é crente, Satanás não pode obrigá-lo a fazer coisa alguma. Pode apenas sugerir.
Segundo, você deve usar a Palavra de Deus como arma contra Satanás. Jesus deu o exemplo dessa atitude quando foi tentado no deserto. Toda vez que Satanás sugeria uma tentação, Jesus reagia citando as Escrituras. Ele não discutiu com Satanás. Ele não disse “Não estou com fome”, quando foi tentado a usar seu poder para uma necessidade pessoal. Ele simplesmente citou uma parte das Escrituras que havia memorizado. Nós devemos fazer o mesmo. Há poder na Palavra de Deus, e Satanás a teme.
Jamais tente argumentar com o Diabo. Ele argumenta melhor do que você, pois teve milhares de anos para praticar. Você não pode enganar Satanás com sua lógica ou opinião, mas pode usar a arma que o faz tremer — a verdade de Deus. É por isso que memorizar as Escrituras é absolutamente essencial para derrotar as tentações. Você a acessa rapidamente quando é tentado. Como Jesus, você tem a verdade guardada no coração, pronta para ser lembrada.
Se você não sabe nenhum versículo bíblico de cor, sua arma está sem balas! Eu o convido a memorizar um versícu­lo por semana, pelo resto de sua vida. Imagine como você ficará mais forte!

Perceba sua vulnerabilidade. Deus nos adverte para nunca ficarmos orgu­lhosos ou muito confiantes, que é a receita para a desgraça. Jeremias disse: O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua do­ença é incurável.16 Isso significa que somos bons em enganar a nós mesmos. Nas circunstâncias adequadas, qualquer um de nós é capaz de qualquer pecado. Não devemos jamais baixar a guarda e imaginar que somos imunes às tentações.
Não se ponha por descuido em situações que lhe tragam tenta­ções. Evite-as.17 Lembre-se de que é mais fácil ficar fora das tenta­ções do que sair delas. A Bíblia diz: Não seja imaturo nem autoconfiante. Você não é exceção. Você pode cair de cara no chão, como qualquer um. Esqueça a autoconfiança; ela não vale nada. Cultive a confiança em Deus.18


Vigésimo Sétimo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Sempre há uma saída.

Um versículo para memorizar: Deus é fiel. Ele impedirá que a tentação se torne tão forte que vocês não possam suportá-la. Quando forem tentados, ele lhes mostrará uma saída, de modo que vocês não venham a cair (1 Coríntios 10.13; nlt).

Uma pergunta para meditar: A quem eu poderia pedir para ser meu parceiro espiritual, para me ajudar a derro­tar uma tentação persistente, orando por mim?


(extraído do livro "Uma vida com propósito do Pastor Rick Warren)

Dia 26 - Crescendo por meio da tentação


Feliz é o homem que não cede e não pratica o mal quando é tentado, porque depois receberá como recompensa a coroa da vida que Deus prometeu àqueles que o amam.
Tiago 1.12; bv

Minhas tentações têm sido minhas mestras em teologia,
Martinho Lutero


Toda tentação é uma oportunidade para fazer o bem.
No caminho do amadurecimento espiritual, cada tentação se tor­na um degrau, em vez de uma pedra de tropeço, quando você se dá conta de que é uma oportunidade tanto para fazer a coisa certa quanto a errada. A tentação apenas apresenta uma escolha. Embora a tentação seja a principal arma de Satanás para a destruição, Deus quer utilizá-la para fortificar você. Toda vez que você escolhe fazer o bem em vez de pecar, está desenvolvendo o caráter de Cristo.
Para compreender isso, você deve primeiro identificar as qualida­des do caráter de Jesus. Uma das mais sucintas descrições de seu caráter são o fruto do Espírito: ... mansidão e domínio próprio; e aqui não há conflito algum com as leis judaicas.1
Essas nove qualidades são uma expansão do Grande Mandamen­to e fazem uma bela descrição de Jesus Cristo. Jesus é a perfeição do amor, da alegria, da paciência e de todos os outros frutos encarna­dos em uma única pessoa. Ter o fruto do Espírito Santo é ser seme­lhante a Cristo.
Como então o Espírito Santo produz em sua vida esse fruto com nove qualidades? Ele os cria instantaneamente? Será que algum dia, ao se levantar pela manhã, você será repentinamente preenchido de forma plena por essas características? Não. O fruto sempre se desen­volve e amadurece lentamente.
A próxima frase é uma das mais importantes verdades espiri­tuais que você pode aprender: Deus desenvolve o fruto do Espírito em sua vida, permitindo que você passe por situações nas quais é tentado a exteriorizar uma característica exatamente oposta! O de­senvolvimento do caráter sempre envolve uma escolha, e a tentação supre a oportunidade.
Por exemplo: Deus nos ensina a amar, pondo pessoas desagradá­veis ao nosso redor. Amar pessoas agradáveis que ainda por cima nos amam não exige nenhum cará­ter. Deus nos ensina a verdadeira ale­gria no meio da aflição quando nos voltamos para ele. A felicidade de­pende de circunstâncias externas, mas a alegria se baseia no seu rela­cionamento com Deus.
Deus faz a verdadeira paz desabrochar dentro de nós, não fazendo que tudo saia como planejamos, mas permitindo períodos de caos e confusão. Qualquer um pode ficar tranqüilo observando um belo pôr-do-sol ou relaxando durante as férias. Aprendemos a verdadeira paz quando optamos por confi­ar em Deus em situações nas quais somos tentados a ficar preocupa­dos ou temerosos. Da mesma forma, a paciência é cultivada em situ­ações nas quais somos forçados a esperar, enfrentando a tentação de nos revoltar por causa de nosso pavio curto.
Deus utiliza a situação oposta de cada aspecto do fruto para nos permitir fazer uma escolha. Você não pode afirmar que é bom, se jamais foi tentado a ser mau. Não pode se dizer fiel, se nunca teve a oportunidade de ser infiel. A integridade é construída ao se derrotar a tentação da desonestidade, a humildade cresce quando nos recu­samos a ser arrogantes e a resistência se desenvolve toda vez que resistimos à tentação de desistir. Cada vez que você derrota uma tentação, torna-se mais semelhante a Jesus.

Como a tentação funciona
É útil saber que Satanás é absolutamente previsível. Ele tem usado a mesma estratégia, bem como velhos truques, desde a Criação. Todas as tentações seguem o mesmo padrão. Foi por isso que Paulo falou: Somos bem familiarizados com os seus esquemas malignos.2 Na Bí­blia, aprendemos que a tentação segue um processo de quatro fases, que Satanás usou tanto em Adão e Eva quanto em Jesus.
Na primeira fase, Satanás identifica um desejo dentro de você. Pode ser um anseio pecaminoso, como o desejo de vingança ou de controlar os outros; pode ser um anseio normal e legítimo, como o desejo de ser amado, valorizado e de sentir prazer. A tentação começa quando Satanás sugere (com um pensamento) que você ceda a um desejo maléfico ou realize um desejo legítimo da forma errada ou na hora errada. Tome cuidado com atalhos; freqüentemente são tenta­ções. Satanás sussurra: “Você merece isso! Você deveria ter isso agora! Vai ser emocionante, confortante, vai fazer que você se sinta melhor”.
Pensamos que a tentação está ao nosso redor, mas Deus diz que ela começa dentro de nós. Se você não tiver o desejo interno, a tenta­ção não tem como atraí-lo. A tentação sempre começa na sua mente, e não na circunstância onde ela ocorre. Jesus disse: Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamen­tos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a in­sensatez. Todos esses males vêm de dentro? Tiago nos diz que existe um exército inteiro de maus desejos dentro de vocês.4
A segunda fase é a dúvida. Satanás tenta fazê-lo duvidar do que Deus disse sobre o pecado: “Será que é mesmo errado? Será que Deus realmente proibiu fazer isso? Não é possível que Deus tenha proibi­do isso para outro povo, em outra época? Deus não quer que eu seja feliz?”. A Bíblia adverte: Cuidado! Não deixem os maus pensamentos ou as dúvidas levarem algum de vocês a se afastar do Deus vivo.5
A terceira fase é o engano. Satanás é incapaz de falar a verdade e é chamado pai da mentira.6 Tudo que ele lhe disser será falso ou nada além de uma meia verdade. Satanás oferece a mentira para substituir o que Deus já disse em sua Palavra. Satanás diz: “Você não vai morrer. Você será mais esperto que Deus. Você pode se dar bem com isso. Ninguém vai saber. Vou resolver os seus problemas. Além do mais, todos estão fazendo isso. É apenas um pecadinho”. Mas um pecadinho é como uma gestação recente: acabará aparecendo.
A quarta fase é a desobediência. Você acaba agindo de acordo com a idéia com que vinha brincando em sua mente. O que começou como uma idéia nasce como uma conduta. Você cede a qualquer coisa que chamar sua atenção. Acredita nas mentiras de Satanás e cairá na armadilha sobre a qual Tiago alertou: ... as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus desejos. Então esses desejos fazem com que o pecado nasça, e o pecado, quando já está maduro, produz a morte. Não se enga­nem, meus queridos irmãos.7

Superando a tentação
Compreender como a tentação funciona é proveitoso em si, mas exis­tem passos específicos a ser tomados para que você a supere.

Recuse-se a ser intimidado. Muitos cristãos são aterrorizados e desmoralizados por pensamentos perturbadores, sentindo-se culpa­dos por não estar “além” da tentação. Eles se sentem envergonhados tão-somente por ter sido tentados. Isso é má compreensão da matu­ridade espiritual. Você jamais irá se livrar da tentação.
Em certo sentido, você pode considerar a tentação uma lisonja. Sa­tanás não tem de tentar aqueles que já realizam sua vontade diabólica; estes já pertencem a ele. A tentação é sinal de que Satanás odeia você, e não sinal de fraqueza ou de vida profana. Isso também faz parte de nossa natu­reza, pois somos humanos e vivemos em um mundo fora da presença de Deus. Não fique surpreso, abalado ou abatido por isso. Seja realista quanto à inevitabilidade da tentação; você jamais poderá evitá-la completamente. A Bíblia diz Quando uma tentação vier, e não se “uma tentação vier”. Paulo orienta: As tentações que vocês têm de enfrentar são as mesmas que os outros enfrentam.8
Ser tentado não é pecado. Jesus foi tentado, embora nunca tenha pecado.9 A tentação só se torna pecado quando você cede. Martinho Lutero disse: “Você não pode impedir que os pássaros voem sobre sua cabeça, mas pode impedi-los de fazer ninho nela”. Você não pode impedir o Diabo de sugerir pensamentos, mas pode escolher não mantê-los ou agir segundo eles.
Por exemplo: muitas pessoas não sabem a diferença entre atra­ção física ou estímulo sexual e desejo sexual ilícito. Não são a mes­ma coisa. Deus fez de cada um de nós um ser sexual, e isso é bom. Atração e estímulo são reações naturais e espontâneas à beleza físi­ca, enquanto o desejo sexual ilícito é uma atitude deliberada. Desejo sexual ilícito é a escolha de cometer em sua mente o que você gosta­ria de fazer com seu corpo. Você pode ser atraído, ou mesmo estimu­lado, sem escolher pecar pela cobiça sexual. Muitas pessoas, princi­palmente os homens cristãos, sentem culpa quando os hormônios, que foram dados por Deus, funcionam. Quando automaticamente notam uma mulher atraente, presumem que é desejo sexual ilícito e se sentem envergonhados e condenados. Mas atração não é desejo sexual ilícito até que você comece a insistir nela.
Na verdade, quanto mais próximo de Deus você ficar, mais Sata­nás se esforçará para tentá-lo. No instante em que você se torna filho de Deus, Satanás, como um assassino de aluguel, fecha um “contrato” para acabar com você. Você é seu inimigo, e ele conspira para sua derrocada.
Às vezes, enquanto você ora, Satanás irá sugerir um pensamento mau ou bizarro apenas para distraí-lo e envergonhá-lo. Não fique assustado ou envergonhado com isso, mas perceba que Satanás teme suas orações e tentará de tudo para interrompê-las. Em vez de ficar se condenando com pensamentos como “Como pude pensar uma coisa dessas?”, trate-o como uma distração de Satanás e volte imedi­atamente a se concentrar em Deus.

Reconheça seu padrão de tentação e esteja preparado para ele. Existem determinadas situações que o deixam mais vulnerável a tentações do que outras. Algumas circunstâncias o farão tropeçar quase imediatamente, enquanto outras não incomodam muito. São situações especiais para suas fraquezas, e você precisa identificá-las porque Satanás certamente as conhece! Ele sabe exatamente o que o faz cair, e trabalha constan­temente para colocá-lo nessas circunstâncias. Pedro adverte: Estejam alertas. O Diabo está pron­to para atacar, e o que mais lhe traria satisfação seria pegá-los cochilando.10
Pergunte a si mesmo: “Quando sou mais ten­tado? Em qual dia da semana? A que hora do dia?”. Pergunte: “Onde eu sou mais tentado? No trabalho? Em casa? Na casa do vizinho? Em um bar? No aeroporto ou em um hotel fora da cidade?”.
Pergunte: “Quem está comigo nos momentos em que sou mais ten­tado? Amigos? Colegas de trabalho? Uma multidão de estranhos? Quando estou só?”. Pergunte também: “Como normalmente me sinto quando sou mais tentado?”. Pode ser quando você está cansado, soli­tário, entediado, deprimido ou sob pressão. Talvez seja quando você está magoado, zangado, preocupado ou após um grande sucesso ou momento de enlevo espiritual.
Você deve identificar seu padrão característico de tentação e en­tão se preparar para evitar tais situações tanto quanto possível. A Bíblia diz continuamente para nos prevenirmos, preparando-nos para enfrentar a tentação.11 Paulo disse: Não dêem ao Diabo oportunida­de para tentar vocês.12 O planejamento sensato reduz a tentação.
Siga o conselho de Provérbios: Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus pianos darão certo.13 O povo de Deus evita os maus caminhos e se protege, observando o lugar por onde vai.14

Peça ajuda a Deus. O céu tem uma linha direta para emergências 24 horas por dia. Deus quer que você peça sua ajuda quando a ten­tação estiver muito forte. Ele diz: Clame a mim no dia da angústia; eu o livrarei, e você me honrará.15
Eu chamo isso de oração de “microondas”, porque é rápida e ob­jetiva: Socorro! sos! Quando bate a tentação, você não tem tempo para uma conversa longa com Deus; você simples­mente clama por socorro. Davi, Daniel, Pedro, Paulo e milhões de outros fizeram esse tipo de oração instantânea por ajuda na aflição.
A Bíblia garante que nosso pedido de socorro será ouvido, porque Jesus se compadece de nossa luta. Ele enfrentou as mesmas tenta­ções que enfrentamos. Não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas, sim, alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém sem pecado.16
Se Deus está esperando para nos ajudar a derrotar as tentações, por que não pedimos sua ajuda com mais freqüência? Falando com franqueza, às vezes não queremos ser ajudados! Queremos ceder à tentação, embora saibamos que é errado. Nesses momentos, pensa­mos saber mais do que Deus o que é melhor para nós.
Em outros momentos ficamos envergonhados de pedir auxílio a Deus, porque vimos cedendo à mesma tentação várias e várias ve­zes. Mas Deus jamais se irrita, se aborrece ou perde a paciência, enquanto continuamos nos voltando para ele. A Bíblia diz: Tenha­mos confiança e cheguemos perto do trono divino, onde está a graça de Deus. Ali receberemos misericórdia e encontraremos graça sempre que precisarmos de ajuda.17
O amor de Deus não se esgota, e sua paciência dura para sempre. Se você tiver de clamar pela ajuda de Deus mil vezes por dia a fim de derrotar uma tentação em particular, ele ainda estará ávido para lhe dar misericórdia e graça. Então venha corajosamente à presença de Deus. Peça-lhe forças para fazer a coisa certa e depois espere que ele lhe supra.
As tentações nos mantêm dependentes de Deus. Assim como as raízes crescem mais fortes quando o vento sopra contra a árvore, todas as vezes que enfrenta uma tentação você se torna mais semelhante a Jesus. Quando você tropeça — o que certamente ocorrerá —, isso não é fatal. Em vez de ceder ou desistir, busque a Deus, confie que ele o ajudará e lembre-se da recompensa que espera por você: Quando as pessoas são tentadas e ainda continuam fortes, devem ficar felizes. Depois de provada a sua fé, Deus as recompen­sará com vida para sempre.18


Vigésimo Sexto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Toda tentação é uma oportuni­dade para fazer o bem.

Um versículo para memorizar: Deus abençoa os que, pacientemente, suportam a provação. No final, recebe­rão a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam (Tiago 1.12; nlt).

Uma pergunta para meditar: Que atributo do caráter cris­tão posso desenvolver, derrotando a tentação mais fre­qüente em mim?


(extraído do livro "Uma vida com propósito" do pastor Rick Warren)

Dia 25 - Transformado pela provação


... pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.
2 Coríntios 4.17; nvi

É o fogo do sofrimento que produz o ouro da santidade.
Madame Guyon


Deus tem um propósito por trás de cada problema.
Ele usa as circunstâncias para desenvolver nosso caráter. Na ver­dade, ele se utiliza mais das circunstâncias para nos tornar seme­lhantes a Jesus do que da nossa leitura da Bíblia. A razão é óbvia: você se defronta com as circunstâncias da vida 24 horas por dia.
Jesus nos alertou dizendo que teríamos problemas no mundo.1 Ninguém está imune à dor ou livre de sofrer; e ninguém tem a opor­tunidade de atravessar a vida sem problemas. A vida é uma série de problemas. Toda vez que você resolve um, tem outro aguardando a vez. Nem todos são grandes, mas todos são importantes para o pro­cesso de crescimento que Deus tem para você. Pedro nos assegura de que problemas são normais: Queridos amigos, não se assustem nem se admirem quando vocês passarem pelas provas ardentes que estão para vir, pois isto não é coisa estranha nem fora do comum que lhes vai acontecer.2
Deus utiliza os problemas para trazê-lo para perto de si. A Bíblia diz: O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.3 Suas mais íntimas e profundas experiências de adoração ocorrerão provavelmente nos dias mais sombrios — quando seu coração estiver partido, você se sentir abandonado, não tiver mais nenhuma opção, a dor for intensa — e você buscar somen­te a Deus. É durante períodos de sofrimento que aprendemos a fazer nossas orações mais sinceras, autênticas e honestas para com Deus. Quando sentimos dor física ou emocional, não temos disposição para orações superficiais.
Joni Eareckson Tada observa: “Quando a vida é um mar de rosas, podemos passar o tempo adquirindo conhecimentos sobre Jesus, imitando-o, citando-o e falando sobre ele. Mas é somente ao sofrer que conheceremos Jesus”. No sofrimento, aprendemos coisas a res­peito de Deus que não podemos aprender de nenhuma outra forma.
Deus podia ter mantido José fora da cadeia,4 Daniel fora da cova dos leões,5 evitado que Jeremias fosse lan­çado em um poço de lama,6 impedido os três naufrágios de Paulo,7 evitado que os três jovens hebreus fossem jogados na fornalha em chamas8 — mas não o fez. Ele deixou que esses problemas ocorressem, e, em decorrência deles, cada um desses homens foi trazido para mais perto de Deus.
Os problemas nos forçam a olhar para Deus e a depender dele em vez de confiar em nós mesmos. Paulo testificou desse benefício: Senti­mos que estávamos condenados à morte e percebemos como éramos fracos demais para socorrermos a nós mesmos; isso, porém, foi bom, porque assim nós colocamos tudo nas mãos de Deus, o único que poderia salvar-nos, pois é capaz até de levantar os mortos.9 Você nun­ca saberá que Deus é tudo o que você precisa até que ele seja tudo o que você tiver. Independentemente da causa, nenhum de seus proble­mas poderia acontecer sem a permissão de Deus. Tudo o que ocorre a um filho de Deus é filtrado por ele, e ele pretende usar tudo isso para o bem, mesmo que Satanás e outros tencionem usar para o mal.
Uma vez que Deus está soberanamente no controle, acidentes são apenas circunstâncias do plano de Deus para você. Como todos os dias de sua vida foram escritos no calendário de Deus antes que você nascesse,10 tudo que acontece com você tem significado espiri­tual. Tudo! Romanos 8.28,29 explica por quê: Sabemos que Deus age em todas as coisas, de modo que trabalhem em conjunto para o bem dos que o amam e são chamados de acordo com o seu propósito. Pois Deus conhecia de antemão as pessoas e as escolheu para se tornarem iguais ao seu Filho.11

Compreendendo Romanos 8.28,29
Essa é uma das passagens bíblicas mais incompreendidas e erronea­mente citadas. Ela não diz: “Deus faz que tudo saia da forma que eu quero”. É lógico que isso não pode ser verdade. Também não diz: “Deus faz que tudo na terra acabe com um final feliz”. Isso também não é verdade. Existem muitos finais infelizes sobre a terra.
Vivemos em um mundo caído. Somente no céu tudo é perfeito, da forma que Deus quer. É por isso que temos de orar: Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.12 Para compreender inteiramente Romanos 8.28,29, você deve examinar frase por frase:

“Sabemos...” Nossa esperança em tem­pos difíceis não é fundamentada em pen­samentos positivos, em anseios ou em um otimismo natural. É uma certeza que se baseia na verdade de que Deus tem pleno controle do Universo e ama a todos nós.

“... que Deus age...” Há um Grande Projetista por trás de tudo. Nossa vida não é o resultado de um acaso fortuito, destino ou sorte. Existe um plano-mestre. A história pertence a Deus. É Deus quem controla o leme. Nós cometemos erros, mas Deus jamais. Deus não pode cometer um erro — porque ele é Deus.

“... em todas as coisas...” O plano de Deus para nossa vida en­volve tudo que nos acontece — erros, pecados e mágoas. Ele inclui doenças, dívidas, acontecimentos infelizes, divórcio e a morte de pessoas queridas. Deus pode fazer o bem aflorar da pior perversida­de. Ele fez isso no Calvário. Não de forma isolada ou independente­mente; os fatos de sua vida agem em conjunto, conforme o plano de Deus. Não são atos isolados, mas partes interdependentes do pro­cesso que o tornarão semelhante a Cristo. Para fazer um bolo, você utiliza farinha, sal, ovos crus, açúcar e óleo. Comidos isoladamente, cada ingrediente é bastante desagradável ou mesmo amargo. Mas asse-os juntos, e se tornarão deliciosos. Se você der a Deus todas as suas experiências horríveis e desagradáveis, ele as misturará para que se tornem agradáveis.

“... para o bem...” Isso não quer dizer que tudo na vida seja bom. Grande parte do que acontece no nosso mundo é mau e cruel, mas Deus é especialista em extrair o bem de tudo isso. Na genealogia oficial de Jesus Cristo,13 existem quatro mulheres listadas: Tamar, Raabe, Rute e Bate-Seba. Tamar seduziu seu sogro para engra­vidar. Raabe era prostituta. Rute nem mesmo era judia, e infringiu a lei casando com um judeu. Bate-Seba cometeu adultério com Davi, o que acabou causando o assassinato do marido. Não são exata­mente reputações excelentes, mas Deus fez que o bem resultasse do mal, e Jesus veio através dessa linhagem. O propósito de Deus é maior que nossos problemas, nosso sofrimento e até mesmo nossos pecados.

“... daqueles que o amam e são chamados...” Essa promessa é somente para os filhos de Deus, não para todos. Todas as coisas contribuem para o mal daqueles que vivem em oposição a Deus, insistindo em seguir o próprio caminho.

“... de acordo com o seu propósito...” Que propósito é esse? É que sejamos “iguais a seu Filho”. Tudo que Deus deixa acontecer na nos­sa vida é permitido por causa desse propósito!

Edificando um caráter semelhante ao de Cristo
Somos como jóias moldadas com o martelo e o cinzel da adversida­de. Se o martelete do Joalheiro não for forte o suficiente para aparar nossas arestas, ele usará uma marreta. Se formos realmente obstina­dos, ele utilizará uma britadeira. Usará o que for necessário.
Cada problema é uma oportunidade para edificação do caráter, e, quanto mais difícil for, maior será o potencial para o desenvolvimen­to de músculos espirituais e de fibra moral. Paulo disse: ... sabemos que essas dificuldades produzem paciência. E a paciência produz cará­ter.14 O que acontece exteriormente em sua vida não é tão importante quanto o que acontece dentro de você. As circunstâncias da vida são tempo­rárias, mas o caráter durará para sem­pre.
A Bíblia freqüentemente compara as provações ao fogo que refina o me­tal, queimando as impurezas. Pedro disse: Essas dificuldades vêm para provar que sua fé é pura. Essa pureza de fé vale mais que ouro.15 Foi feita a seguinte pergunta a um ourives: “Como você sabe que a prata é pura?”. Ele respondeu: “Quan­do vejo meu reflexo nela”. Quando você é refinado pelas provações, as pessoas podem ver o reflexo de Jesus em você. Tiago disse: Sob pres­são, a sua fé é forçada para fora e verdadeiramente se expõe.16
Visto que Deus tenciona torná-lo semelhante a Jesus, ele o fará passar pelas mesmas experiências que Jesus passou. Isso inclui soli­dão, tentação, pressão, críticas, rejeição e muitos outros problemas. A Bíblia diz que Jesus aprendeu a obedecer por meio dos seus sofri­mentos e foi aperfeiçoado por meio dos seus sofrimentos.17 Por que Deus nos eximiria de passar por aquilo que permitiu que seu próprio Filho passasse? Paulo disse: Enfrentamos exatamente o que Cristo enfrenta. Se enfrentamos tempos difíceis com ele, então certamente enfrentaremos tempos agradáveis com ele!18

Reagindo aos problemas como Jesus reagiria
Os problemas não produzem automaticamente a vontade de Deus. Muitas pessoas se tornam mais amargas em vez de melhorar, e nun­ca crescem. Você tem de reagir da forma que Jesus reagiria.

Lembre-se de que o plano de Deus é bom. Ele sabe o que é me­lhor para você e visa apenas a seu bem. Deus disse a Jeremias: Os planos que tenho para vocês [são] planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro.19 José compreendeu essa verdade quando, falando aos seus irmãos que o venderam como escra­vo, disse: Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem.20 Ezequias expressou os mesmos sentimentos em relação à doença que ameaçava tirar sua vida: Foi para o meu benefí­cio que tanto sofri.21 Sempre que Deus disser não ao seu pedido de alívio, lembre-se: Deus está fazendo o que é melhor para nós, treinando-nos para viver o melhor de sua santidade22
É vital que você se mantenha concentrado no plano de Deus, não no seu problema ou sofrimento. Foi assim que Jesus suportou o so­frimento na cruz, e somos exortados a seguir o seu exemplo: Mante­nham o olhar firme em Jesus, nosso líder e orientador23 Corrie ten Boom, que sofreu em um campo de concentração nazista, explicou o poder da concentração: “Se você olhar para o mundo, ficará aflito. Se olhar para si, ficará deprimido. Mas, se olhar para Cristo, ficará des­cansado!”. Seu enfoque determinará seus sentimentos. O segredo da resistência é lembrar-se de que o sofrimento é temporário, mas sua recompensa será eterna. Moisés agüentou uma vida de problemas porque contemplava a sua recompensa24 Paulo suportou as adversidades da mesma forma. Ele disse: Nossas dificuldades são pequenas e não durarão muito — e ainda produzem para nós glória imensurá­vel, que durará para sempre.25
Não se renda a considerações de curto prazo. Mantenha-se con­centrado no resultado final: E, se somos os seus filhos, então parti­ciparemos dos seus tesouros — pois tudo quanto Deus dá ao seu Filho Jesus agora é nosso também. Mas, se queremos participar da sua glória, precisamos participar também do seu sofrimento. Contu­do, aquilo que sofremos agora é insignificante, se compararmos com a glória que ele nos dará mais tarde.26

Exulte e agradeça. A Bíblia diz: Dêem graças em todas as cir­cunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.27 Como isso é possível? Repare que Deus nos manda dar gra­ças “em todas as circunstâncias”, e não “por todas as circunstânci­as”. Deus não espera que você seja agradecido pelo mal, pelo peca­do, pelo sofrimento ou por suas conseqüências dolorosas neste mun­do. Em vez disso, Deus quer que você seja grato por ele usar os problemas que o afligem para o cumprimento de seus propósitos.
A Bíblia diz: Alegrem-se sempre no Senhor.28 Ela não diz: “Ale­grem-se no seu sofrimento”. Isso é masoquismo. Você se alegra “no Senhor”. Não importa o que aconteça, você pode se alegrar no amor, na atenção, na sabedoria, no poder e na fidelidade de Deus. Jesus disse: Fiquem cheios de alegria quando isso ocorrer, pois há uma grande recompensa esperando por vocês no céu.29
Nós também podemos nos alegrar ao saber que Deus está passan­do pelo sofrimento junto conosco. Não servimos a um Deus distante e desligado, que se distancia de nós e tenta nos motivar com frases feitas. Ao contrário, ele entra no nosso sofrimento. Jesus fez isso ao encarnar, e hoje é seu Espírito que faz isso em nós. Deus jamais nos deixará por nossa conta.

Recuse-se a desistir. Seja paciente e persistente. A Bíblia diz: Entendam que [os problemas] vêm para lhes testar a fé e gerar em vocês perseverança. Mas deixem que esse processo continue até que a perseverança se desenvolva completamente, e descobrirão que se tornaram homens de caráter maduro, de integridade, sem nenhum ponto fraco.30
A construção do caráter é um processo lento. Sempre que tentamos evitar ou escapar das difi­culdades da vida, invalidamos o processo, atra­samos nosso crescimento e na verdade acaba­mos com um tipo de sofrimento ainda pior — o tipo inútil, que acompanha a negação e a rejeição. Quando você compreende as conse­qüências eternas do desenvolvimento de seu caráter, faz menos orações do tipo “Consola-me” (“Faze que eu me sinta melhor”) e mais ora­ções do tipo “Torna-me adequado” (“Usa isso para tornar-me mais semelhante a ti”).
Você sabe que está amadurecendo quando começa a ver a mão de Deus nos acontecimentos aleatórios e confusos e nas circunstâncias da vida aparentemente sem sentido.
Se você estiver enfrentando problemas neste exato momento, não pergunte: “Por que eu?”. Em vez disso, pergunte: “O que você quer que eu aprenda?”. Então confie em Deus e siga fazendo o que é certo. Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a von­tade de Deus, recebam o que ele prometeu?31 Não desista — cresça!


Vigésimo Quinto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Existe um propósito por trás de cada problema.

Um versículo para memorizar: Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito (Romanos 8.28; nvi).

Uma pergunta para meditar: Qual problema na minha vida me trouxe mais crescimento?


(extraído do livro "Uma vida com propósito" do pastor Rick Warren)

Dia 24 - Transformado pela verdade


As pessoas precisam mais que de pão para a sua vida; elas precisam alimentar-se de cada palava de Deus.
Mateus 4.4; nlt

A palavra graciosa de Deus pode fazer de vocês o que ele quer que vocês sejam e dar-lhes tudo o que vocês venham a necessitar.
Atos 20.32; Msg

A verdade nos transforma.
O crescimento espiritual é o processo no qual substituímos as mentiras pelas verdades. Jesus orou: Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.1 Santificação exige revelação. O Espírito de Deus usa a Palavra de Deus para nos tornar semelhantes ao Filho de Deus. Para nos tornar semelhantes a Jesus, devemos preencher nossa vida com a sua Palavra. A Bíblia diz: Por meio da Palavra, somos unidos e moldados para as tarefas que Deus tem para nós.2
A Palavra de Deus é diferente de qualquer outra palavra. Ela é viva.3 Jesus disse: As palavras que eu lhes disse são espírito e vida.4 Quando Deus fala, as coisas mudam. Tudo ao seu redor — toda a Criação — existe porque disse Deus. Foi pelas suas palavras que tudo veio a existir. Sem elas, você nem estaria vivo. Tiago observa: Deus decidiu nos dar vida pela palavra da verdade, de modo que sejamos a mais importante de todas as coisas que ele fez.5
A Bíblia é muito mais do que um manual de doutrinas. A Palavra de Deus gera a vida, cria a fé, produz mudanças, afugenta o Diabo, realiza milagres, cura feridas, edifica o caráter, transforma as cir­cunstâncias, transmite alegria, supera a adversidade, derrota a ten­tação, infunde esperança, libera poder, limpa nossas mentes, cria as coisas e nos garante o futuro eterno! Não podemos viver sem a Pala­vra de Deus! Nunca subestime o valor dela. Você deve considerá-la tão essencial para sua vida como a comida. Jó disse: Dei mais valor às palavras de sua boca do que ao meu pão de cada dia.6
A Palavra de Deus é o alimento espiritual do qual você tem de se alimentar, para cumprir seu propósito. A Bíblia é chamada de nosso leite, pão, comida sólida e doce sobremesa.7 Essa refeição completa é o menu do Espírito Santo para o fortalecimento e crescimento espiri­tual. Pedro nos aconselha: ... desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação.8

Permanecendo na Palavra de Deus
Existem mais Bíblias impressas hoje em dia do que jamais houve no passado, mas de nada vale uma Bíblia na estante. Milhões de crentes são assolados pela anorexia espiritual, morrendo de fome com a alma subnu­trida. Para ser um saudável discípulo de Jesus, alimentar-se da Palavra de Deus deve ser a primeira prioridade. Je­sus chamou isso de “permanecer”. Ele disse: Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos.9 Na vida coti­diana, permanecer na Palavra de Deus inclui três atividades:

Devo aceitar sua autoridade. A Bíblia deve se tornar o critério definitivo para minha vida: a bússola na qual confio para saber a direção, o conselho a que dou ouvidos para tomar decisões sábias, e o parâmetro que utilizo para avaliar todas as coisas. A Bíblia deve sempre ter a primeira e a última palavra em minha vida.
Muitos de nossos problemas ocorrem porque baseamos nossas es­colhas em critérios duvidosos: cultura (“Todos estão fazendo isso”), tradição (“Sempre fizemos isso”), razão (“Isso pareceu lógico”) ou emo­ção (“Pareceu-me a coisa certa”). Todos esses critérios foram corrompi­dos pela entrada do pecado neste mundo. O que precisamos é de um critério perfeito, que nunca nos leve na direção errada. Somente a Palavra de Deus supre essa necessidade. Salomão nos lembra que cada Palavra de Deus é comprovadamente pura,10 e Paulo explica que Tudo nas Escrituras é Palavra de Deus. Tudo é útil para ensinar e ajudar as pessoas e para corrigi-las e mostrar-lhes como viver.11
Nos primeiros anos de seu ministério, Billy Granam atravessou um período em que lutava com suas dúvidas sobre a precisão e a autoridade da Bíblia. Em uma noite enluarada, ele caiu de joelhos e disse a Deus que, a despeito das passagens confusas que ele não compreendia, daquele ponto em diante ele confiaria completamente na Bíblia como a única autoridade para sua vida e ministério. Da­quele dia em diante, a vida de Billy Granam foi abençoada com ex­traordinário poder e eficácia.
A decisão mais importante que você pode tomar hoje é definir o critério definitivo para sua vida. Decida que, independentemente de cultura, tradição, razão ou emoção, você escolhe a Bíblia como auto­ridade definitiva em sua vida. Estabeleça que antes de tudo você vai perguntar “O que a Bíblia diz a respeito?”, e depois tome sua deci­são. Determine que, quando Deus mandar fazer alguma coisa, você confiará em sua Palavra e seguirá em frente, quer faça sentido para você, quer não, e independentemente de sua vontade. Adote a decla­ração de Paulo como sua afirmação de fé pessoal: Creio em tudo o que concorda com a Lei e no que está escrito nos Profetas.12

Devo assimilar sua verdade. Não basta acreditar na Bíblia; devo preencher minha mente com ela, de forma que o Espírito Santo possa me transformar com a verdade. Existem cinco maneiras de fazer isso: você pode recebê-la, lê-la, pesquisá-la, relembrá-la e refletir sobre ela.
Primeira: você recebe a Palavra de Deus quando a ouve e aceita com uma postura aberta e receptiva. A parábola do semeador ilustra como nossa receptividade determina se a Palavra de Deus irá ou não criar raízes em nossa vida e dar frutos. Jesus identifica três atitudes de repúdio — mente fechada (à beira do caminho), mente superficial (solo pedregoso) e mente distraída (entre os espinhos) —, e então diz: Considerem atentamente como vocês estão ouvindo.13
Toda vez que sentir que não está aprendendo nada com o sermão ou com um professor de Bíblia, você deve verificar sua disposição interior, especialmente em relação ao orgulho. Deus pode falar até mesmo por meio do professor mais enfadonho quando você é humil­de e receptivo. Tiago aconselha: Em um espírito humilde (gentil, modes­to), recebam de bom grado a palavra que, implantada e arraigada no co­ração, tem o poder de salvara alma.14
Segunda: por mais de dois mil anos na história da igreja, somente os sa­cerdotes podiam lera Bíblia pessoalmente, mas agora milhões têm acesso a ela. Apesar disso, muitos crentes são mais dedicados à leitura do jornal diário do que à leitura da Bíblia. Não é de admirar que não cresçamos. Não podemos assistir a televisão por três horas, ler a Bíblia três minutos e esperar crescer.
Muitos que afirmam crer na Bíblia “de capa a capa” jamais a leram de uma capa a outra. Mas, se você separar quinze minutos de seu dia para a leitura da Bíblia, a lerá inteiramente uma vez por ano. Se você cortar um programa diário de televisão que dure trinta mi­nutos e ler a Bíblia no lugar, lerá a Bíblia inteira duas vezes por ano. A leitura diária da Bíblia o manterá ao alcance da voz de Deus. Foi por isso que Deus orientou o rei de Israel a sempre manter por perto uma cópia de sua Palavra: Trará sempre essa cópia consigo e terá de lê-la todos os dias da sua vida.15 Mas não se limite a mantê-la perto de você; leia a Bíblia regularmente! Uma ferramenta simples mas de grande auxílio é um plano de leitura diária da Bíblia. Evitará que você fique saltando de uma parte para outra, negligenciando uma ou outra. Se você tiver interesse em uma cópia de meu plano de leitura bíblica pessoal, veja o “Apêndice 2”.
Terceira: pesquisar e ou estudar — a Bíblia — é outra forma prá­tica de permanecer na Palavra de Deus. A diferença entre ler e estu­dar a Bíblia está em dois exercícios que se adicionam ao da simples leitura: fazer perguntas sobre o texto e anotar suas impressões. Você não estudou realmente a Bíblia, se não escreveu seus pensamentos no papel ou no computador.
O espaço não me permite explicar os diferentes métodos de estudo bíblico. Estão disponíveis muitos livros proveitosos sobre o estudo da Bíblia, incluindo um que escrevi há mais de vinte anos.16 O segredo de um bom estudo bíblico consiste simplesmente em aprender a fazer as perguntas certas. Métodos diferentes usam perguntas diferentes. Você descobrirá muito mais se parar e fizer perguntas simples como “Quem?”, “O quê?”, “Quando?”, “Onde?”, “Por quê?” e “Como?”. A Bíblia diz: Verdadeiramente as pessoas felizes são as que cuidadosamente estudam a per­feita lei de Deus, a qual torna as pessoas livres, e continuam a estudá-la. Elas não esquecem o que ouvem, mas obedecem ao que o ensino de Deus diz: os que fazem isso serão felizes.17
A quarta maneira de permanecer na Palavra de Deus é relembrá-la. A capacidade de lembrar é dom de Deus. Você pode pensar que tem memória fraca, mas a verdade é que há milhões de idéias, verdades, fatos e imagens memorizados. Você lembra o que é importante para você. Se a Palavra de Deus é importante, você usará seu tempo para relembrá-la.
Existem enormes benefícios na memorização de versículos bíbli­cos. Eles o ajudam a resistir à tentação, decidir sabiamente, diminuir a pressão, ganhar confiança, dar bons conselhos e partilhar sua fé com os outros.18
Sua memória é como um músculo. Quanto mais você a usa, mais forte ela se torna, e memorizar as Escrituras ficará mais fácil. Você deve começar selecionando uns poucos versículos bíblicos deste li­vro que o sensibilizaram, escrevendo-os em um pequeno cartão que possa ser levado consigo. Então releia em voz alta durante o dia. Você pode memorizar as Escrituras em qualquer lugar: enquanto trabalha, se exercita, dirige, espera ou na hora de dormir. Os três segredos para a memorização das Escrituras são: relembrar, relembrar e relembrar! A Bíblia diz: Lembrem-se do que Cristo ensinou e que as suas palavras enriqueçam a vida de vocês e os tornem sábios.19
A quinta maneira de permanecer na Palavra de Deus é refletir sobre ela, o que a Bíblia chama de “meditação”. Para muitos, a idéia de meditar evoca imagens de alguém esvaziando a mente e deixando-a vaguear. Isso é exatamente o opos­to da meditação bíblica. Meditação é pensamento con­centrado. É necessário esforço verdadeiro. Você escolhe um versículo e reflete sobre ele repetidamente.
Como já foi dito no capítulo 11, se você sabe se preocupar, já sabe meditar. Preocupação é o pensamento concentrado em algo negati­vo. A meditação é o mesmo, porém voltado para a Palavra de Deus, e não para algum problema.
Não há outro hábito que seja tão eficaz na transformação de sua vida ou em torná-lo mais semelhante a Jesus do que a reflexão diá­ria nas Escrituras. À medida que utilizamos nosso tempo para con­templar a verdade de Deus, realmente nos espelhando no exemplo de Cristo, somos segundo a sua imagem [...] transformados com gló­ria cada vez maior.20
Se você pesquisar todas as vezes que Deus fala sobre meditação na Bíblia, ficará maravilhado com os benefícios que ele prometeu aos que parassem para refletir na sua Palavra durante o dia. Um dos motivos pelos quais Deus chamou Davi homem segundo o meu coração21 é que Davi adorava refletir na Palavra de Deus. Ele disse: Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro.22 Refletir seriamen­te na verdade de Deus é a chave para ter as orações respondidas e o segredo para uma vida bem-sucedida.23

Devo aplicar seus princípios. Podemos receber, ler, pesquisar, relembrar e refletir na Palavra de Deus; mas tudo será inútil se falharmos em pô-la em prática. Devemos nos tornar praticantes da palavra.24 Esse é o passo mais difícil de todos, porque Satanás com­bate com muita intensidade. Ele não se importa que você freqüente estudos bíblicos, contanto que não faça nada com o que aprendeu. Enganamos a nós mesmos quando presumimos que, apenas por termos ouvido, lido ou estudado a verdade, nós a assimilamos. Na verdade, você pode estar tão ocupado indo para a próxima aula, seminário ou conferência bíblica que não tem tempo de pôr em prá­tica o que aprendeu. Você esquece o que aprendeu a caminho do próximo estudo. Sem o pormos em prática, qualquer estudo bíblico é inútil. Jesus disse: Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha.25 Jesus também destacou que as bênçãos de Deus vêm de obedecer à verdade, e não apenas de conhecê-la. Ele disse: Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem.26
Outra razão que nos faz evitar a aplicação pessoal da Palavra de Deus é a possibilidade de isso ser difícil ou mesmo doloroso. A ver­dade irá libertá-lo, mas a princípio pode­rá deixá-lo infeliz! A Palavra de Deus expõe nossas motivações, aponta nossas faltas, repreende nosso pecado e espera que nos transformemos. Faz parte da na­tureza humana resistir a mudanças; en­tão aplicar a Palavra de Deus é uma tarefa difícil. Por isso é tão importante discutir as aplicações pessoais com outras pessoas.
Não há como enfatizar suficientemente o valor de fazer parte de um pequeno grupo de estudo bíblico. Nós sempre aprendemos com a franqueza dos outros o que jamais aprenderíamos por nossa pró­pria conta. Outras pessoas o ajudarão a discernir coisas que você teria deixado passar e a aplicar a verdade de Deus de forma prática. A melhor forma de tornar-se um “praticante da Palavra” é colocar no papel uma atitude efetiva resultante da leitura, estudo ou refle­xão sobre a Palavra de Deus. Desenvolva o hábito de anotar de for­ma precisa o que você pretende fazer. Essa atitude efetiva deverá ser pessoal (envolvendo você), prática (algo que você possa fazer) e verificável (com um prazo final para ser feita). Toda aplicação deve envolver ou seu relacionamento com Deus, ou seu relacionamento com os outros, ou seu caráter pessoal.
Antes de ler o próximo capítulo, passe algum tempo pensando sobre esta questão: “O que Deus já falou para você fazer por meio de sua Palavra que você ainda não começou?”. Então escreva algumas instruções práticas que o ajudarão a agir no que você já estabeleceu. Você pode contar a um amigo para que ele possa acompanhá-lo. Como D. L. Moody disse: “A Bíblia não nos foi dada para aumentar nosso conhecimento, mas para mudar nossa vida”.

Vigésimo Quarto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: A verdade me transforma.

Um versículo para memorizar: Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os liber­tará (João 8.31,32; kjv).

Uma pergunta para meditar: O que Deus já me disse na sua Palavra que ainda não comecei a fazer?
(estraído do livro "Uma vida com propósito" do pastor Rick Warren)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dia 23 - Como crescemos


Deus quer que cresçamos [...] em tudo como Cristo. Efésios 4.15; Msg

O propósito disposto para nós não é que continuemos como crianças.
Efésios 4.14; ch


Deus quer que você cresça.


O objetivo do Pai celestial é que você amadureça e desenvolva as características de Jesus Cristo. Lamentavelmente, milhões de cris­tãos envelhecem, mas nunca crescem. Emperram numa perpétua in­fância espiritual, permanecendo de fraldas e sapatinhos de crochê. O motivo é que nunca pretenderam crescer.
Crescimento espiritual não é algo automático. É necessário que haja um compromisso voluntário. Você deve querer crescer, decidir crescer, fazer um esforço para crescer e persistir em crescer. O discipulado — o processo de se tornar semelhante a Cristo — sem­pre começa com uma decisão. Jesus nos chama, e nós respondemos: “Venha, seja meu discípulo”, Jesus lhe disse. Então Mateus levan­tou-se e o seguiu.1
Quando os primeiros discípulos escolheram seguir a Jesus, não compreendiam todas as implicações da decisão que haviam toma­do. Simplesmente atenderam ao convite de Jesus. Isso é tudo de que você precisa para começar: decidir tornar-se um discípulo.
Nada molda mais sua vida que os compromissos que você esco­lhe fazer. Seus compromissos podem desenvolvê-lo ou destruí-lo, mas de qualquer forma serão determinantes para você. Diga-me com o que você está comprometido, e eu lhe direi aonde você estará em vinte anos. Tornamo-nos aquilo com que estamos comprometidos.
É nesse estágio do comprometimento que a maioria das pessoas perde o propósito de Deus para a vida delas. Muitos têm medo de se comprometer com qualquer coisa e simplesmente ficam vagando pela vida. Outros assumem compromissos superficiais, com valores conflitantes, o que leva à frustração e à mediocridade. Outros se comprometem inteiramente com objetivos seculares, como enriquecer ou ficar famoso, e acabam desapontados e amargos. Toda escolha tem conseqüências eternas; logo, é me­lhor que você escolha sabiamente. Pedro adverte: E assim, já que tudo ao nosso redor se derreterá, que vidas santas e piedosas nós devemos viver!2

A parte de Deus e a sua parte. Tor­nar-se semelhante a Cristo é o resulta­do de fazer escolhas em conformidade com ele, dependendo de seu Espírito para ajudá-lo a consumar essas escolhas. Uma vez que tenha decidido seriamente se tornar semelhante a Cristo, você deve começar a agir de maneira diferente. Você precisará se livrar de alguns proce­dimentos antigos, desenvolver novos hábitos e intencionalmente mu­dar sua forma de pensar. Esteja certo de que o Espírito Santo o ajudará nessas mudanças. A Bíblia diz: Ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele?
Esse versículo mostra as duas partes do crescimento espiritual: ponham em ação e efetua em vocês. O ponham em ação é o nosso dever, e o efetua em vocês é o papel de Deus. Crescimento espiritual é um esforço de cooperação entre você e o Espírito Santo. O Espírito de Deus trabalha conosco, e não apenas em nós.
Esse versículo, direcionado aos crentes, não é sobre como ser sal­vo, mas sobre como crescer. Não trata de trabalhar pela salvação, porque você não pode somar nada ao que Jesus já realizou. Quando “põe em ação” seu corpo, você se exercita para desenvolvê-lo, não para conseguir um corpo.
Quando “põe em ação” sua mente, para resolver um quebra-cabe­ça, você já possui todas as peças — sua tarefa é juntá-las. Fazendei­ros trabalham a terra não para a obter, mas para desenvolver o que já possuem. Deus lhe deu uma nova vida; agora você é responsável por desenvolvê-la “com temor e tremor”. Isso significa levar seu cres­cimento espiritual a sério! Quando as pessoas são desleixadas com seu crescimento espiritual, isso demonstra que não compreendem as implicações eternas (como vimos nos capítulos 4 e 5).

Alterando seu piloto automático. Para mudar sua vida, você deve mudar sua forma de pensar. Por trás de tudo que você faz, há um pensamento. Todo comportamento é motivado por uma crença, e toda ação é estimulada por uma atitude. Deus revelou isso milhares de anos antes de os psicólogos terem essa compreensão: Tenha cui­dado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos.4
Imagine-se viajando em uma lancha, em um lago, com um piloto automático ajustado para o Leste. Se você decidir dar a volta e rumar para Oeste, haverá duas formas possíveis de mudar a direção do barco. Uma forma é agarrar a roda do leme e forçá-la fisicamente a rumar para o lado oposto do ajuste do piloto automático. Com pura e simples força de vontade, você poderia vencer o piloto automático, mas sentiria constantemente uma resistência. Seus braços acabari­am por se cansar do esforço, você soltaria a roda do leme e a lancha instantaneamente voltaria a rumar para o leste, da forma em que estava programada.
É isso que acontece quando você tenta mudar sua vida com força de vontade. Você diz: “Vou me forçar para comer menos [...] fazer mais exercícios [...] deixar de me atrasar e de ser desorganizado”. Sim, a força de vontade pode produzir mudanças em curto prazo, mas cria uma pressão interna constante, porque você não lidou com a causa básica. A mudança não é natural, então você acaba por desistir, sai da dieta e deixa de se exercitar. Você rapidamente retorna aos padrões anteriores.
Há uma forma melhor e mais rápida: altere o ajuste do piloto automático — sua forma de pensar. A Bíblia diz: Deixem que Deus os transforme em nova pessoa, mudan­do a maneira de vocês pensarem.5 Seu primeiro passo em direção ao cresci­mento espiritual é começar a mudar sua forma de pensar. Toda mudança deve sempre ocorrer primeiro em sua mente. Sua forma de pensar determi­na sua forma de sentir, e o que você sente influencia sua forma de agir. Paulo disse: Deve haver uma renovação espiritual de seus pensamentos e atitudes.6
Para ser semelhante a Cristo, você deve desenvolver a mente de Cristo. O Novo Testamento chama esse desvio mental de arrependi­mento, que em grego quer dizer literalmente “mudar de idéia”. Você se arrepende sempre que muda sua maneira de pensar, ao adotar a forma de Deus pensar — sobre si mesmo, sobre o pecado, sobre Deus, sobre as outras pessoas, sobre a vida, sobre seu futuro e sobre tudo mais. Você assume a perspectiva e o enfoque de Cristo.
Recebemos a seguinte ordem: Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha.7 Isso se divide em duas partes. A primeira metade dessa alteração men­tal é parar de ter pensamentos imaturos, os quais são egocêntricos e egoístas. A Bíblia diz: Deixem de pensar como crianças. Com respeito ao mal, sejam crianças; mas, quanto ao modo de pensar, sejam adultos.8 Os bebês são por natureza completamente egoístas. Eles só pensam em si mes­mos e em suas necessidades. São incapazes de dar; só conseguem receber. Isso é uma forma imatura de pensar. Infelizmente, muitas pessoas nunca crescem além desse tipo de pensamento. A Bíblia diz que o pensamento egoísta é a fonte do comportamento pecaminoso: Os que vivem segundo o próprio ego pecaminoso só pensam nas coisas que seu ego pecaminoso deseja.9
A segunda parte da mudança que leva a pensar como Jesus é começar a ter pensamentos maduros, os quais se concentram nos outros, e não em você mesmo. Em seu grande capítulo sobre o que é o verdadeiro amor, Paulo concluiu que pensar nos outros é a marca da maturidade: Quando eu era menino, falava como menino, pensa­va como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei ho­mem, deixei para trás as coisas de menino.10
Hoje, muitas pessoas presumem que a maturidade espiritual é medida pela quantidade de informação bíblica e de doutrinas que conhecem. Embora conhecimento seja uma das dimensões da matu­ridade, isso não é toda a história. A vida cristã é muito mais do que credos e convicções; ela inclui conduta e caráter. Nossos atos devem ser coerentes com nossa fé, e nossas crenças devem ser respaldadas por um comportamento cristão.
O cristianismo não é uma religião ou uma filosofia, mas um relaci­onamento e um estilo de vida. A essência desse estilo de vida, como Jesus disse, é pensar nos outros, e não em nós mesmos. A Bíblia diz: Devemos pensar no bem deles e tentar ajudá-los, fazendo coisas que agradam a eles. Nem mesmo Cristo tentou agradar a si mesmo.11
Pensar nos outros é o cerne de se tornar semelhante a Cristo, e a melhor evidência de crescimento espiritual. Esse tipo de pensamento não é natural, é contra-cultural, raro e árduo. Felizmente, temos aju­da: Deus nos deu o seu Espírito. Por isso não pensamos da mesma forma que as pessoas deste mundo.12 Alguns capítulos adiante, ve­remos as ferramentas que o Espírito Santo usa para nos ajudar a crescer.


Vigésimo Terceiro Dia
Pensando sobre meu propósito

Um item para reflexão: Nunca é muito tarde para come­çar a crescer.

Um versículo para memorizar: Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os trans­forme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele (Romanos 1.2.2; ntlh).

Uma questão para meditar: Em que área preciso parar de pensar do meu jeito e começar a pensar do jeito de Deus?

(extraído do livro "Um uma vida com propósito" do pastor Rick Warren)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Dia 22 - Criado para se tornar semelhante a Cristo


Deus já sabia o que ele faria desde o início. Ele decidiu desde o princípio moldar a vida daqueles que o amam com os mesmos parâmetros da vida de seu Filho [...] Nele, vemos a forma original planejada para nossa vida.
Romanos 8.29; Msg


Olhamos para o seu Filho, e vemos o verdadeiro propósito de Deus em tudo que foi criado.
Colossenses 1.15; Msg




Você foi criado para se tornar semelhante a Cristo.


Desde o princípio, o plano de Deus tem sido fazê-lo à semelhança de seu Filho, Jesus. Esse é o seu destino e o terceiro propósito para sua vida. Deus anunciou sua intenção na criação: Então disse Deus: Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança.1
Em toda a criação, somente o homem foi feito “à imagem de Deus”. Esse é um grande privilégio, que nos honra sobremaneira. Não sabe­mos tudo que essa frase abrange, mas conhecemos alguns dos aspec­tos que ela inclui: tal como Deus, somos seres espirituais — nosso espírito é imortal e sobreviverá ao nosso corpo terreno; somos inteli­gentes — podemos pensar, ponderar e solucionar problemas; como Deus, nós nos relacionamos — podemos dar e receber amor verdadei­ro e somos dotados de consciência moral — podemos discernir entre o certo e o errado, o que nos torna responsáveis diante de Deus.
A Bíblia diz que todas as pessoas, e não apenas os crentes, detêm parte da imagem de Deus; esse é o motivo pelo qual o assassinato e o aborto são errados.2 Mas a imagem está incompleta, tendo sido danificada e distorcida pelo pecado. Então Deus enviou Jesus para restaurar a plena imagem que havíamos perdido.
Com o que se parece a plena “imagem e semelhança” de Deus? Ela se parece com Jesus Cristo! A Bíblia diz que Jesus é a imagem de Deus, a imagem do Deus invisível e a expressão exata do seu ser.3
As pessoas usam freqüentemente a expressão “Tal pai, tal fi­lho”, para se referir à semelhança familiar. Quando as pessoas vêem minha imagem em meus filhos, isso me agrada. Deus também quer que seus filhos tenham sua imagem e semelhança. A Bíblia diz: [Você foi] criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade.4 Deixe-me ser absolutamente claro: você jamais se tornará igual a Deus, ou mesmo a um deus. Essa mentira arrogante é a mais antiga tentação de Satanás. Satanás prometeu a Adão e Eva que, se seguis­sem seu conselho, seriam como Deus.5 Muitas religiões e filosofias da Nova Era ainda promovem esta velha mentira: que somos divinos ou que podemos nos tornar deuses.
O desejo de ser um deus manifesta-se todas as vezes que tenta­mos controlar nossas circunstâncias, nosso futuro e as pessoas ao redor. Mas como criaturas jamais seremos o Criador. Deus não quer que você se torne um deus; ele quer que você se torne santo — que assuma valores, atitudes e caráter próprios dele. A Bíblia diz: Bus­quem uma maneira completamente nova de viver — uma vida mol­dada por Deus, uma vida renovada no interior e que se demonstre na conduta de vocês, à medida que Deus reproduz detalhadamente o caráter dele em vocês.6
O supremo objetivo de Deus para sua vida na terra não é o confor­to, mas o desenvolvimento de seu caráter. Ele quer que você cresça espiritualmente e se torne semelhante a Cristo. Tornar-se semelhante a Cristo não significa perder a perso­nalidade ou se tornar um clone autô­mato. Deus criou em você um caráter único; logo, logicamente não quer des­truí-lo. O cristianismo ocupa-se da transformação do caráter, não da per­sonalidade.
Deus quer que você desenvolva o tipo de caráter descrito nas bem-aventuranças de Jesus,7 nos frutos do Espírito,8 no grande capítulo de Paulo sobre o amor9 e na lista de Pedro das características de uma vida produtiva e eficiente.10 Toda vez que esquece que o caráter é um dos propósitos de Deus para sua vida, você se torna frustrado pela situação que o cerca. Você pensa consigo mesmo: “Por que isso está acontecendo comigo? Por que estou passando por momentos tão difí­ceis?”. A resposta é que a vida deve ser difícil! É isso que nos possibi­lita crescer. Lembre-se de que a terra não é o céu!
Muitos cristãos interpretam erroneamente a promessa de Jesus de vida em abundância,11 como se fosse saúde perfeita, estilo de vida confortável, felicidade constante, plena realização dos sonhos e o alívio instantâneo dos problemas por meio da fé e da oração. Em poucas palavras, esperam que a vida cristã seja fácil; esperam que o céu seja na terra.
Essa perspectiva voltada para si mesmo trata Deus como se fosse o gênio da lâmpada, que existe tão-somente para nos servir em nos­sa busca egoísta de realização pessoal. Mas Deus não é nosso criado, e, caso nos deixemos levar pela idéia de que a vida deve ser fácil, ou ficaremos grandemente desa­pontados, ou viveremos nos recusando a acei­tar a realidade.
Nunca se esqueça de que a vida não gira em torno de você! Você existe para os propósi­tos de Deus, e não o contrário. Por que Deus lhe proporciona um céu sobre a terra, quando ele já planejou o verdadeiro céu para você na eternidade? Deus nos dá o nosso tempo na ter­ra para construirmos e fortalecermos nosso cará­ter para o céu.

A obra do Espírito Santo de Deus em você
É tarefa do Espírito Santo produzir um caráter semelhante ao de Cristo em você. A Bíblia diz: Conforme o Espírito do Senhor opera em nós, tornamo-nos mais e mais como ele e refletimos sua glória cada vez mais.12 O processo de transformação pelo qual nos tornarmos mais semelhantes a Jesus é chamado santificação; e esse é o terceiro propósito de sua vida sobre a terra.
Você não pode reproduzir o caráter de Jesus por seus próprios esforços. Decisões de Ano Novo, força de vontade e as melhores in­tenções não são suficientes. Somente o Espírito Santo tem o poder de realizar as transformações que Deus deseja para nossa vida. A Bíblia diz: Deus está operando em vocês, dando-lhes o desejo de obedecê-lo e o poder para fazer o que lhe agrada.13
Mencione “o poder do Espírito Santo”, e muitas pessoas imagi­nam manifestações miraculosas e emoções intensas. Mas na maioria das vezes o poder do Espírito Santo é liberado na sua vida de manei­ra tranqüila e despretensiosa, de modo que você nem se dá conta, nem tem nenhuma sensação. Ele freqüentemente nos toca com uma brisa suave.14
As características de Cristo não são produzidas por imitação, mas por habitação. Nós permitimos que Cristo viva através de nós. Pois este é o segredo: Cristo vive em vós.15 E como isso acontece na vida real? Pelas escolhas que fazemos. Nós escolhemos fazer a coisa certa nas diversas situações de nossa vida e confiamos no Espírito Santo de Deus para nos dar força, amor, fé e sabedoria para fazê-la. Uma vez que o Espírito de Deus vive dentro de nós, essas coisas estão sempre à disposição quando pedidas.

Devemos cooperar com o trabalho do Espírito Santo. Por toda a Bíblia vemos uma importante verdade ilustrada repetidamente: o Espírito Santo libera poder no momento em que você dá um passo de fé. Quando Josué se defrontou com um obstáculo intransponível, as águas transbordantes do rio Jordão recuaram somente depois que os líderes pisaram na água corrente em obediên­cia e fé.16 A obediência libera o poder de Deus.
Deus espera que você aja primeiro. Não espere sentir-se poderoso ou confiante. Siga adiante na sua fraqueza, fazendo a coisa certa a despeito de seus medos e sentimentos. É assim que você coopera com o Espírito Santo, e essa é a forma que seu caráter se desenvolve.
A Bíblia compara o crescimento espiritual a uma semente, a uma edificação e a uma criança em crescimento. Cada metáfora exige uma participação ativa: sementes devem ser plantadas e cuidadas, edificações devem ser construídas — elas não aparecem simples­mente — e crianças devem comer e se exercitar para crescer.
Embora esforço não tenha nada que ver com salvação, está relaci­onado com o crescimento espiritual. Pelo menos em oito ocasiões no Novo Testamento recebemos a ordem de nos esforçarmos17 em nosso crescimento, até nos tornarmos semelhantes a Jesus. Você não fica apenas por ali, à espera de que isso aconteça.
Paulo explica em Efésios 4.22-24 os três deveres para nos tornar­mos semelhantes a Cristo. Em primeiro lugar, devemos abandonar nossa antiga maneira de agir: Tudo [...] referente àquela antiga for­ma de viver tem de ir embora. Está completamente corrompida. Li­vrem-se dela!18
Em segundo lugar, devemos mudar nossa forma de pensar: Deixe que o Espírito transforme sua maneira de pensar.19 A Bíblia diz que somos “transformados” pela renovação de nossa mente.20 A palavra grega para transformado, metamorphosis (usada em Romanos 12.2 e 2 Coríntios 3.18), é usada atualmente para descrever a fantástica transformação sofrida pela lagarta ao se tornar borboleta. É uma bela descrição do que acontece espiritualmente conosco quando permiti­mos que Deus dirija nossos pensamen­tos: somos transformados de dentro para fora, tornando-nos mais belos e sendo liberados para vôos mais altos.
Em terceiro lugar, precisamos “ad­quirir” o caráter de Cristo ao desen­volver hábitos novos e dignos de Deus. O caráter é basicamente a soma dos hábitos; é como você habitualmente age. A Bíblia diz: ... revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.21

Deus usa sua Palavra, as pessoas e as circunstâncias para moldar você. Os três fatores são indispensáveis para o desenvolvi­mento do caráter. A Palavra de Deus supre a verdade que precisa­mos para crescer, os filhos de Deus suprem o apoio que precisamos para crescer e as circunstâncias suprem o ambiente que precisamos para pôr em prática as características de Cristo. Se você estudar e aplicar a Palavra de Deus, se reunir regularmente com outros crentes e aprender a confiar em Deus nos momentos difíceis, garanto que você se tornará mais parecido com Jesus. Veremos cada um desses ingredientes para crescimento nos capítulos a seguir.
Muitas pessoas presumem que tudo de que necessitam para cres­cer espiritualmente é estudo bíblico e oração. Mas algumas questões da vida nunca serão transformadas somente por estudo bíblico e oração. Deus usa as pessoas. Ele normalmente prefere operar por meio de pessoas a realizar milagres, de forma que dependemos uns dos outros para alcançar comunhão. Ele quer que cresçamos juntos.
Em muitas religiões, as pessoas consideradas mais santas e ma­duras espiritualmente são as que se isolam das outras em monastérios no topo de montanhas, afastadas do pernicioso contato com outras pessoas. Mas esse é um mal-entendido grosseiro. A maturida­de espiritual não é uma busca individual e solitária! Você não pode crescer à semelhança de Cristo em isolamento. Você deve ter pessoas à volta e interagir com elas. Precisa fazer parte de uma igreja e uma comunidade. Por quê? Porque a verdadeira maturidade espiritual diz respeito a aprender a amar como Jesus amou, e você não pode ser semelhante a Jesus na prática sem que haja relacionamento com outras pessoas. Lembre-se: está tudo em torno do amor — amar a Deus e amar os outros.

Tornar-se semelhante a Cristo é um lento e longo processo de crescimento. A maturidade espiritual não é instantânea nem auto­mática; é um desenvolvimento que durará o resto de sua vida. A respeito desse processo, Paulo disse: Isso irá continuar até que seja­mos maduros como Cristo é, e seremos iguais a ele.22
Você é um trabalho em execução. Sua transformação espiritual, no que se refere a desenvolver o caráter de Jesus, durará o resto de sua vida, e mesmo assim não será completada aqui na terra. Ela só estará terminada quando você for para o céu ou quando Jesus vol­tar. Naquele momento, qualquer componente não-resolvido em seu caráter será posto no mesmo pacote. A Bíblia diz que quando final­mente formos capazes de ver a Jesus em perfeição, nos tornaremos perfeitos como ele: Não podemos sequer imaginar como seremos quando Cristo voltar. Porém sabemos que, quando ele aparecer, sere­mos semelhantes a ele, pois o veremos como realmente é.23
Grande parte das confusões na vida cristã tem origem no desco­nhecimento da simples verdade de que Deus está muito mais inte­ressado em edificar seu caráter do que em qualquer outra coisa. Preocupamo-nos quando Deus parece silencioso a respeito de deter­minados assuntos, como: “Qual carreira eu deveria escolher?”. A ver­dade é que existem muitas carreiras diferentes, que poderiam estar de acordo com a vontade de Deus para sua vida. O que mais importa para Deus é que, seja qual for sua escolha, você a desempenhe com a postura de Cristo.24
Deus está muito mais interessado em quem você é do que no que você faz. Nós somos seres humanos e não fazeres humanos. Deus se preocupa muito mais com seu caráter do que com sua carreira, porque você levará o caráter para a eternidade, mas não a carreira.
A Bíblia adverte: Não se tornem tão bem ajustados à sua cultura, à qual vocês se moldam mesmo sem pensar. Em vez disso, fixem sua atenção em Deus. Vocês serão transformados de dentro para fora [...] Ao contrário da cultura que está ao seu redor, sempre conduzindo vocês para baixo, para o nível de imaturidade, Deus produz o me­lhor em vocês e desenvolve em vocês uma maturidade bem formada.25 É preciso que você tome uma decisão contra a sua formação cultural, para se concentrar em se tornar mais semelhante a Jesus. Caso contrário, outras forças, como amigos, pais, colegas de traba­lho e a cultura estabelecida, tentarão moldá-lo à própria imagem.
Lamentavelmente, um rápido exame em livros cristãos populares revela que muitos crentes abandonaram o modo de vida em razão dos grandes propósitos de Deus e contentaram-se com a estabilida­de emocional e a realização pessoal. Isso é narcisismo, e não discipulado. Jesus não morreu naquela cruz apenas para que pudésse­mos levar vidas equilibradas e confortáveis. O seu propósito é muito mais profundo: ele quer nos tornar como ele, antes de nos levar para o céu. Esse é nosso grande privilégio, nossa responsabilidade direta e nosso destino final.


Vigésimo Segundo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Fui criado para me tornar seme­lhante a Cristo.

Um versículo para memorizar: Conforme o Espírito do Senhor trabalha em nós, tornamo-nos mais e mais como ele e refletimos ainda mais a sua glória (2Coríntios 3.18; nlt).

Uma pergunta para meditar: No dia de hoje, em qual área de minha vida preciso rogar pela operação do Espí­rito Santo para me tornar mais semelhante a Cristo?

(extraído do livro "Uma vida com propósito" do Pastor Rick Warren)

Dia 21 - Protegendo sua igreja


Vocês foram unidos na paz por meio do Espírito. Portanto façam todo o esforço para continuar dessa maneira.
Efésios 4.3; ncv


Acima de tudo, deixem que o amor dirija a vida de vocês, porque assim toda a igreja permanecerá unida em perfeita harmonia.
Colossenses 3.14; rv


É sua função proteger a unidade de sua igreja.


A unidade da igreja é tão importante que o Novo Testamento dá mais importância a isso do que ao céu ou ao inferno. Deus deseja profundamente que experimentemos unidade e harmonia uns com os outros.
A unidade é a alma da comunhão. Destrua-a, e estará rasgando o coração do corpo de Cristo. É a essência, o âmago de como Deus pre­tende que experimentemos a vida conjunta na igreja. Nosso modelo supremo de unidade é a Trindade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são totalmente unidos em um. O próprio Deus é o maior de todos os exemplos de amor sacrificial, altruísmo e harmonia perfeita.
Assim como qualquer pai, nosso Pai celestial tem prazer em ver os filhos em harmonia uns com os outros. Em seus últimos momen­tos, antes de ser preso, Jesus orou apaixonadamente pela nossa uni­dade.1 Era nossa união que estava em primeiro lugar em sua mente naquelas horas agonizantes. Isso mostra a importância do assunto. Nada na terra é mais valioso para Deus que sua igreja. Ele pagou o mais alto preço por ela e a quer protegida, especialmente dos da­nos devastadores causados pelas divisões, conflitos e discordâncias. Se você é parte da família de Deus, é sua responsabilidade preser­var a unidade no local em que você congrega. Você foi encarregado por Jesus de fazer todo o possível para preservar a unidade, prote­ger a comunhão e promover a harmonia na sua igreja e entre todos os crentes. A Bíblia diz: Façam todo o esforço para conservar a uni­dade do Espírito pelo vínculo da paz.2 Como podemos fazer isso? A Bíblia nos dá orientações práticas.

Concentre-se no que temos em comum, não em nossas dife­renças. Paulo nos diz: Portanto, concentremo-nos nas coisas que contribuem para a harmonia e no crescimento de nossa comunhão conjunta? Como crentes, partilhamos um Senhor, um corpo, um pro­pósito, um Pai, um Espírito, uma esperança, uma fé, um batismo e um amor.4 Partilhamos a mes­ma salvação, a mesma vida e o mesmo futuro — fatores muito mais importantes do que as dife­renças que poderíamos enumerar. É nesses te­mas, e não em nossas diferenças pessoais, que devemos nos concentrar.
Devemos nos lembrar que foi Deus que escolheu nos dar diferen­tes personalidades, formações, raças e preferências; logo, devería­mos apreciar essas diferenças, e não simplesmente tolerá-las. Deus quer unidade, não uniformidade. Mas, para o bem da unidade, não devemos deixar que nossas diferenças nos dividam jamais. Precisa­mos nos manter concentrados no que mais importa — aprender a amar uns aos outros como Cristo nos amou e cumprir os cinco pro­pósitos de Deus para cada um de nós e sua igreja.
O conflito é normalmente sinal de que o foco foi desviado para assuntos menos importantes; coisas que a Bíblia chama de assuntos controvertidos.5 Quando nos concentramos em personalidades, pre­ferências, interpretações, estilos ou métodos, a divisão sempre acon­tece. Mas, se nos concentramos em amar uns aos outros e em cum­prir os propósitos de Deus, chegamos à harmonia. Paulo implorou por isso: Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês; antes, que todos estejam unidos num só pensamento e num só parecer6

Seja realista em suas expectativas. Uma vez que você tenha descoberto como Deus quer que seja a verdadeira comunhão, é fácil ficar desanimado pela disparidade entre o ideal e o real em sua igreja. Você deve amar apaixonadamente a igreja, a despeito de suas imperfeições. Ansiar pelo ideal enquanto critica o real é sinal de imaturidade. Em contrapartida, conformar-se com o real sem lutar pelo ideal é passividade. Maturidade é conviver com essa tensão.
Outros crentes irão decepcioná-lo e desiludi-lo, mas isso não é desculpa para deixar de congregar com eles. Eles são a sua família, mesmo quando não agem desse jeito, e você não pode simplesmente abandoná-los. Em vez disso, Deus nos disse: Sejam pacientes uns com os outros, fazendo concessões às faltas dos outros por causa do amor que há em vocês.7
As pessoas ficam desiludidas com a igreja por muitas razões com­preensíveis. A lista poderia ser bastante longa: conflitos, mágoas, hi­pocrisia, negligência, mesquinharias, legalismo e outros pecados. Em vez de ficarmos abalados e surpresos, devemos lembrar que a igreja é fei­ta de pecadores de verdade, inclusive nós mes­mos. Por sermos pecadores, magoamos uns aos outros, às vezes intencionalmente e às vezes sem querer. Mas, em vez de deixarmos a igreja, preci­samos ficar e solucionar o que for de alguma forma possível. A reconciliação, não a evasão, é a estrada para um caráter mais forte e para uma comunhão mais profunda.
Divorciar-se da igreja ao primeiro sinal de decepção ou desilusão indica imaturidade. Deus tem coisas que quer ensinar a você e aos outros também. Além do mais, não há nenhuma igreja perfeita para onde escapar. Toda igreja tem seu próprio conjunto de fraquezas e problemas, e você logo ficará novamente desapontado.
Groucho Marx era famoso por dizer que não gostaria de perten­cer a um clube que o aceitasse como sócio. Se uma igreja deve ser perfeita para satisfazê-lo, essa mesma perfeição irá excluí-lo dentre seus membros, porque você não é perfeito!
Dietrich Bonhoeffer, ministro alemão que foi martirizado por re­sistir aos nazistas, escreveu o clássico livro sobre comunhão: Life together [A vida em conjunto]. Nele, ele dá a entender que a desilu­são com a igreja local é algo bom, porque destrói nossas falsas ex­pectativas de perfeição. Quanto mais rápido renunciarmos à ilusão de que uma igreja deve ser perfeita para que a amemos, mais rápido deixaremos de fingir e admitiremos que somos todos imperfeitos e precisamos de graça. Esse é o início da verdadeira comunidade.
Toda igreja deveria afixar uma placa: “Pessoas perfeitas não pre­cisam entrar. Este é um lugar somente para os que admitem ser pecadores, precisam de graça e querem crescer”.
Bonhoeffer disse: “Aquele que ama seu sonho de uma comunida­de mais do que a comunidade cristã em si torna-se um destruidor desta [...] Se não dermos graças diariamente pela congregação cristã onde fomos colocados, mesmo quando não há nenhuma grande ex­periência, nenhuma riqueza a ser descoberta, mas apenas muita fra­queza, pouca fé e dificuldades, e se, ao contrário, continuamos nos queixando de que tudo é reles e insignificante, então impedimos que Deus permita à nossa congregação crescer”.8

Prefira incentivar a criticar. É sempre mais fácil ficar de lado e atirar pedras naqueles que estão servindo do que se envolver e contri­buir. Deus nos adverte repetidamente que não critiquemos, compare­mos ou julguemos uns aos outros.9 Quando você critica o que outro crente está fazendo na fé e com sincera convicção, está interferindo nos assuntos de Deus: Que direito você tem de criticar o servo de al­guém? Somente Deus pode decidir se ele está fazendo o que é certo.10
Paulo acrescenta que não devemos julgar ou desprezar crentes com convicções distintas das nossas: Por que, então, você critica as ações de seu irmão? Por que tenta fazer com que ele pareça peque­no? Todos seremos julgados um dia, não com base nos padrões uns dos outros nem mesmo por nossos próprios padrões, mas pelo julga­mento de Deus.11
Sempre que eu julgo outro crente, quatro coisas acontecem ins­tantaneamente: perco minha comunhão com Deus, exponho meu próprio orgulho e insegurança, coloco-me em uma situação pela qual serei julgado por Deus e prejudico a comunhão da igreja. Um espíri­to crítico é um vício dispendioso.
A Bíblia chama Satanás de acusador dos nossos irmãos.12 Culpar e criticar os membros da família de Deus queixando-se deles é traba­lho do Diabo. No momento em que fazemos o mesmo, estamos sendo ludibriados para fazer o trabalho de Satanás. Lembre-se, os outros cristãos, não importa quanto você discorde deles, não são o verda­deiro inimigo. Todo tempo que desperdiçamos comparando ou criticando outros crentes é um tempo que deveríamos ter usado na edificação da unidade da congregação. A Bíblia diz: Estejamos unidos no emprego de toda a nossa energia para nos harmonizar­mos uns com os outros, ajudando os outros com palavras encorajadoras, não os colocando para baixo por lhes apontar as faltas.13

Recuse dar ouvidos a fofocas. Fofocar é transmitir informações quando você nem é parte do problema nem parte da solução. Você sabe que espalhar fofocas é errado, e não deve nem ouvi-las se qui­ser proteger sua igreja. Ouvir uma fofoca é como receptar mercado­ria roubada; isso o faz igualmente culpado pelo crime.
Quando alguém começar a fofocar em seu ouvido, tenha a coragem de dizer: “Por favor, pare. Não preciso saber disso. Você já falou direta­mente com a pessoa?”. Pessoas que fofocam para você também irão fofocar sobre você. Tais pessoas não são confiáveis. Se você dá ouvidos a fofocas, Deus diz que você é um criador de casos.14 Criadores de caso ouvem criadores de caso.15 Esses são os que dividem igrejas, pensan­do apenas em si mesmos.16
É triste que, no rebanho de Deus, as maiores feridas venham das outras ovelhas, e não de lobos. Paulo alertou sobre os cristãos cani­bais, que devoram uns aos outros e destroem a comunhão.17 A Bíblia diz que esse tipo de encrenqueiro deveria ser evitado: A difamação revela segredos. Portanto, fique longe de quem é falador.18 A forma mais rápida de pôr fim a um conflito, seja em uma igreja, seja em um grupo pequeno, é carinhosamente enfrentar os que estão fofocando e insistir em que parem. Salomão destacou que: Uma fogueira se apaga quando acaba a lenha; da mesma maneira, as brigas aca­bam quando o brigão e implicante é separado do grupo.19

Pratique os métodos de Deus para a solução de conflitos. Além dos princípios mencionados no capítulo anterior, Jesus deu à igreja um processo simples dividido em três etapas: Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mos­tre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas, se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que qualquer acusação seja confirma­da pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja.20 Em meio a um conflito, temos a tentação de nos queixar a terceiros, em vez de corajosamente falar a verdade de maneira amorosa à pessoa com quem estamos aborrecidos. Isso só torna o assunto mais grave. Em vez disso, você deve ir diretamente à pessoa envolvida.
O confronto em particular é sempre o primeiro passo, e você deve tomá-lo o mais rapidamente possível. Se você não for capaz de resolver as coisas somente entre os dois, o próximo passo é levar uma ou duas testemunhas para ajudarem a confirmar o problema e reconciliar o relacionamento. E o que fazer se a pessoa ainda persistir teimosamen­te? Jesus ordena que se leve o assunto à igreja. E, se a pessoa ainda assim se recusar a escutar, você deve tratá-la como a um incrédulo.21

Apóie o seu pastor e os líderes. Não existe um líder perfeito, mas Deus dá aos líderes a responsabilidade e a autoridade para que man­tenham a unidade da igreja. Durante conflitos interpessoais, esse é um trabalho ingrato. Pastores têm freqüentemente a desagradável tarefa de agir como mediadores entre membros magoados e imaturos que estão em conflito. Eles também receberam a impossível tarefa de ten­tar fazer que todos fiquem felizes, o que nem Jesus conseguiu fazer!
A Bíblia é clara sobre como devemos nos relacionar com aqueles nos servem: Sejam sensíveis a seus líderes pastorais. Ouçam seus conselhos. Eles estão atentos à condição da vida de vocês e trabalham sob a restrita supervisão de Deus. Contribuam para a alegria de sua liderança e não para os sobrecarregar. Por que tornar as coisas difíceis para eles?22
Os pastores algum dia estarão perante Deus e terão de prestar contas de como zelaram por você. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas.23 Mas você também terá de prestar contas. Você prestará contas a Deus sobre a forma que seguiu seus líderes.
A Bíblia dá aos pastores instruções específicas sobre como lidar com pessoas desagregadoras no meio da congregação. Eles devem evitar discussões e ensinar gentilmente o contrário, enquanto oram para que elas mudem. Devem admoestar os que são polêmicos, rogar por harmonia e unidade, repreender os que forem desrespeitosos com a liderança e remover os desagregadores da igreja, caso não considerem os dois avisos.24
Protegemos a congregação quando honramos os que nos servem como líderes. Os pastores e anciãos necessitam de nossas orações, incentivos, apreço e amor. Recebemos as seguintes orientações: Ago­ra lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham. Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do trabalho deles25
Eu o desafio a aceitar a responsabilidade de proteger e promover a união em sua igreja. Empenhe-se nisso com todo o seu esforço, e Deus irá se agradar. Nem sempre será fácil. Algumas vezes você terá de fazer o que é melhor para o corpo, e não para si mesmo, mostrando preferência pelos outros. Este é um dos mo­tivos pelos quais Deus nos colocou em uma família eclesiástica: para aprendermos o al­truísmo. Em comunidade, aprendemos a di­zer “nós” em vez de “eu” e “nosso” em vez de “meu”. Deus diz: Não pensem só em seu próprio bem. Pensem nos outros cristãos e no que é melhor para eles.26
Deus abençoa igrejas unidas. Na igreja de Saddleback, cada mem­bro assina um pacto que inclui uma promessa de proteger nossa unidade. Conseqüentemente, a igreja jamais teve um conflito que dividisse a congregação. Tão importante quanto isso é o fato de todos quererem fazer parte dela, uma vez que se trata de uma comu­nidade unida e amorosa. Nos últimos sete anos, a igreja batizou mais de 9 100 novos convertidos. Quando Deus tem um punhado de novos cristãos que quer libertar, ele busca como incubadora a igreja mais carinhosa que puder encontrar.
O que você está fazendo no plano pessoal para tornar sua igreja local mais aconchegante e amorosa? Existem muitas pessoas em sua comunidade que estão procurando amor e um lugar ao qual perten­cer. A verdade é que todo o mundo precisa e quer ser amado e, quan­do as pessoas acham uma igreja onde os membros verdadeiramente amam e se importam uns com os outros, elas vão dar um jeito de entrar ainda que as portas estejam trancadas.


Vigésimo Primeiro Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Tenho a responsabilidade de proteger a unidade de minha igreja.

Um versículo para memorizar: Portanto, concentremo-nos nas coisas que contribuem para a harmonia e no crescimento de nossa comunhão conjunta (Romanos 14.19; ch).

Uma pergunta para meditar: O que estou fazendo pesso­almente para proteger a unidade em minha família ecle­siástica neste exato momento?


(Extraído do livro "Uma vida com propósito" do pastor Rick Warren)