sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dia 29 - Aceitando sua missão

Foi o próprio Deus quem fez de nós o que somos e nos deu uma vida nova da parte de Cristo Jesus; e muitos séculos atrás, Ele planejou que gastássemos essa vida em auxiliar aos outros.
Efésios 2.10; bv

Eu te glorifiquei na terra, pois concluí até o último detalhe o que me deste para fazer.
João 17.4; Msg

Você foi posto na Terra para fazer uma contribuição.
Você não foi criado apenas para consumir recursos — comer, res­pirar e ocupar espaço. Deus te projetou para que sua vida faça uma diferença. Apesar de muitos livros de sucesso informarem sobre como tirar o máximo da vida, não foi para isso que Deus o criou. Você foi criado para acrescentar à vida da Terra, não apenas para extrair. Deus quer que você devolva algo. Esse é o quarto propósito de Deus para sua vida, e se chama “ministério” ou serviço. A Bíblia fornece os detalhes.

Você foi criado para servir a Deus. A Bíblia diz: [Deus] nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós.1 Essas “boas obras” são o seu serviço. Sempre que você serve às pessoas de alguma forma, você está na verdade servindo a Deus2 e cumprindo um de seus propósitos. Nos dois próximos capítulos, você verá como Deus cuidadosamente molda você para o seu propósito. O que Deus disse para Jeremias também vale para você: Antes que o fizes­se no útero de sua mãe, eu o escolhi. Antes que você nascesse, eu o separei para uma obra especial? Você foi posto neste planeta para uma missão especial.

Você foi salvo para servir a Deus. A Bíblia diz: Foi ele quem nos salvou e nos escolheu para o seu santo trabalho, não porque merecês­semos, mas porque esse era o seu plano muito antes do princípio do mundo — mostrar o seu amor e a sua bondade para conosco por meio de Cristo.4 Deus o redimiu para que você pudesse exercer sua “santa vocação”. Você não foi salvo pelo serviço, mas foi salvo para o serviço. No Reino de Deus você tem um lugar, um propósito, um papel e uma função a cumprir. Isso dá a sua vida enorme importância e valor.
Comprar sua salvação custou a Jesus a própria vida. A Bíblia nos recorda: Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo.5 Não servimos a Deus por causa de culpa, medo ou mesmo obrigação, mas pela alegria e profunda gra­tidão pelo que ele fez por nós. Nós lhe devemos a vida. Pela salva­ção, nosso passado foi perdoado, nosso presente faz sentido e nosso futuro é seguro. À luz dessas incríveis vantagens, Paulo con­cluiu: Por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço.6
O apóstolo João ensinou que nossos préstimos amorosos às ou­tras pessoas mostram que somos verdadeiramente salvos. Ele disse: Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos.7 Se não tenho ne­nhum amor pelos outros, nenhum desejo de ajudar as pessoas e me preocupo somente com minhas ne­cessidades, deveria questionar se Cristo está realmente na minha vida. Um coração salvo é um cora­ção que deseja servir.
Outro termo relativo a servir a Deus que é mal compreendido pela maioria das pessoas é a palavra ministério. Quando a maioria das pessoas escuta “ministério”, pensa em pastores, padres e sacerdócio profissional, mas Deus diz que cada membro de sua família é um ministro. Na Bíblia, as palavras servo e ministro são sinônimas, assim como serviço e ministério. Se você é cristão, é um ministro e, quando está servindo, está ministrando.
Quando a sogra de Pedro, enferma, foi curada por Jesus, ela ins­tantaneamente se levantou e começou a servi-lo,8 usando seu novo dom de saúde. É exatamente isso que devemos fazer. Somos cura­dos para ajudar aos outros. Somos abençoados para ser uma bên­ção. Somos salvos para servir, e não para ficar sentados esperando pelo céu.
Você nunca se perguntou por que Deus não nos leva para o céu, imediatamente após aceitarmos sua graça? Por que ele nos deixa em um mundo decadente? Ele nos deixa aqui para cumprir seus propó­sitos. Uma vez que você esteja salvo, Deus pretende usá-lo para seus objetivos. Deus tem para você um ministério em sua igreja e uma missão no mundo.

Você é chamado para servir a Deus. Enquanto crescia, você deve ter pensado que ser “chamado” por Deus era algo que somente mis­sionários, pastores, freiras e outros obreiros “de tem­po integral” experimentavam, mas a Bíblia diz que todo cristão é chamado para servir.9 Seu chamado para ser salvo incluiu o chamado para servir; am­bos são o mesmo chamado. Independentemente de seu emprego ou carreira, você é chamado para ser um cristão servindo em tempo integral. Um “cristão não-servo” é uma antítese.
A Bíblia diz: Deus nos salvou e nos chamou para sermos o seu povo. Não foi por causa do que temos feito, mas porque este era o seu plano e por causa da sua graça.10 Pedro acrescenta: Vocês foram esco­lhidos para falar sobre as excelentes qualidades de Deus, que os cha­mou.11 Sempre que você faz uso das habilidades que Deus lhe conce­deu para ajudar os outros, você está cumprindo o seu chamado.
A Bíblia diz: Vocês [...] agora pertencem a ele [...] para [...] ter uma vida útil no serviço de Deus.12 Quanto do seu tempo vem sendo uti­lizado a serviço de Deus? Em algumas igrejas na China, dão-se as boas-vindas a novos crentes dizendo: “Jesus agora tem um novo par de olhos para ver, novos ouvidos para escutar, novas mãos com as quais ajudar e um novo coração para amar os outros”.
Uma razão pela qual você precisa estar vinculado a uma igreja, é o cumprimento do seu chamado para servir a outros crentes de maneira prática. A Bíblia diz: Todos vocês, juntos, são o corpo único de Cristo, e cada um de vocês é um membro separado e necessário a ele.13 O seu serviço é desesperadamente necessário no corpo de Cris­to — basta perguntar em qualquer igreja local. Cada um de nós tem um papel a desempenhar, e cada um deles é importante. Não existe serviço pequeno para Deus; tudo importa.
Do mesmo modo, não existem ministérios insignificantes na igre­ja. Alguns são visíveis e alguns são desempenhados nos bastidores, mas todos são valiosos. Ministérios pequenos ou velados fazem fre­qüentemente uma grande diferença. Em minha casa, a luminária mais importante não é o enorme lustre da sala de jantar, mas a pequena luz noturna que me impede de tropeçar quando levanto à noite. Não há uma correlação exata entre tamanho e importância. Todo ministério é importante, porque todos dependemos uns dos outros para funcionar.
O que acontece quando uma parte do seu corpo deixa de funcio­nar? Você adoece. O resto do seu corpo sofre. Imagine se seu fígado decidisse começar a viver por conta própria: “Eu estou cansado! Não quero mais servir este corpo! Quero um ano de folga, só me alimen­tando. Eu tenho de pensar no que é melhor para mim! Deixe que outra parte do corpo assuma”. O que aconteceria? O seu corpo iria morrer. Hoje em dia, milhares de igrejas locais estão morrendo por causa de cristãos que não têm vontade de servir. Eles ficam assistin­do de lado, e o corpo sofre.

A ordem é servir a Deus. Jesus foi categórico: A atitude de vocês deve ser igual à minha, porque eu, o Messias, não vim para ser servi­do, mas para servir, e dar a minha vida por muitos.14 Para os cris­tãos, servir não é questão de opção, não é algo a ser encaixado em nossas agendas caso haja tempo disponível. Servir é o núcleo da vida cristã. Jesus veio para “servir” e para “dar” — esses dois verbos também devem servir para definir sua vida na Terra. Serviço e doa­ção resumem o quarto propósito de Deus para sua vida. Madre Tereza disse certa vez: “Viver em santidade consiste em realizar a obra de Deus com um sorriso”.
Jesus ensinou que a maturidade espiritual nunca é um fim em si mesma. Maturidade é para o ministério! Nós crescemos para nos doar. Seguir aprendendo mais e mais não é o suficiente. Precisamos agir de acordo com o que sabemos e pôr em prática o que afirmamos acreditar.
Impressão sem expressão causa depres­são. Estudar sem trabalhar leva à es­tagnação espiritual. A antiga compara­ção entre o mar da Galiléia e o mar Morto ainda é verdadeira. O mar da Galiléia é cheio de vida porque recebe água e tam­bém a escoa. No mar Morto nada vive, pois, ao contrário do primeiro, não há saída de água.
A última coisa que muitos crentes precisam hoje em dia é participar de outro estudo bíblico. Eles já sabem muito mais do que põem em prática. O que eles precisam é de experiências em servir, nas quais possam exercitar seus músculos espirituais.
Servir é contrário à nossa inclinação natural. Na maior parte do tempo, estamos mais interessados em nos servir do que no serviço. Dizemos “Estou procurando uma igreja que atenda as minhas neces­sidades e me abençoe”, e não “Estou procurando um lugar onde pos­sa servir e ser abençoado”. Esperamos que os outros nos sirvam, e não ao contrário. Mas, à medida que amadurecemos em Cristo, o foco de nossa vida deve ser deslocado progressivamente, para ter­mos uma vida de serviço. Um seguidor de Jesus maduro deixa de perguntar “Quem irá alcançar minhas necessidades?” e começa a perguntar: “As necessidades de quem eu vou alcançar?”. Você algu­ma vez já fez essa pergunta?

Preparando-se para a eternidade
No fim de sua vida na Terra você ficará perante Deus, e ele avaliará como você serviu aos outros com sua vida. A Bíblia diz: Cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus.15 Pense nas implicações disso. Algum dia Deus irá comparar quanto tempo e energia gasta­mos conosco, em relação ao que utilizamos para servir aos outros.
Nesse momento, todas as nossas desculpas para o egoísmo soarão vazias: “Eu estava muito ocupado”, ou “Eu tinha meus próprios obje­tivos”, ou “Eu estava preocupado em trabalhar, me divertir ou em preparar minha aposentadoria”. A todas as desculpas, Deus respon­derá: “Sinto muito, resposta errada. Eu o criei, salvei, chamei e ordenei a você que tivesse uma vida de serviços aos outros. Qual parte você não entendeu?”. A Bíblia alerta os que não crêem: Ele derramará a sua ira e o seu castigo sobre os que vivem para si mesmos16 — mas para os cristãos isso significará a perda das recompensas eternas.
Nós só estamos completamente vivos quando ajudamos os outros. Jesus disse: Se você insistir em salvar a sua própria vida, você a per­derá. Somente aqueles que põem de lado a sua vida por minha causa e por causa da Boa Nova é que saberão realmente o que significa viver.17 Essa verdade é tão importante, que é repetida cinco vezes nos evangelhos. Se você não está servindo, está apenas existindo, por­que a vida foi feita para o ministério. Deus quer que você aprenda a amar e a servir as pessoas de forma altruísta.

Serviço e importância
Você dará a vida por algo. O que será? Uma carreira, um esporte, um passatempo, fama, riquezas? Nenhuma dessas coisas será impor­tante para sempre. Servir é o caminho para a verdadeira importân­cia. É através do ministério que descobrimos o significado da vida. A Bíblia diz: Todos achamos nosso significado e função, como parte do seu corpo.18 Ao servirmos juntos na família de Deus, nossa vida assume uma importância eterna. Paulo disse: Quero que vocês pen­sem como tudo isso torna vocês mais importantes, não menos [...] por causa daquilo de que vocês são parte.19
Deus quer usá-lo para que você faça diferença no mundo dele. Ele quer trabalhar por meio de você. O que importa não é a duração da sua vida, mas a contribuição que ela dá. Não quanto você viveu, mas como viveu.
Se você não está envolvido em algum serviço ou mi­nistério, que desculpa tem usado? Abraão era velho, Jacó era inseguro, Lia era sem atrativos, José foi maltrata­do, Moisés gaguejava, Gideão era pobre, Sansão era co-dependente, Raabe era imoral, Davi teve uma aman­te e todo tipo de problema familiar, Elias tinha tendências suicidas, Jeremias era depressivo, Jonas era relutante, Noemi era viúva, João Batista era excêntrico para dizer o mínimo, Pedro era impulsivo e temperamental, Marta se preocupava demais, a mulher samaritana teve vários casamentos fracassados, Zaqueu era indesejado, Tomé tinha dúvidas, Paulo tinha saúde fraca e Timóteo era tímido. Aí está uma boa variedade de desajustes, mas Deus usou cada um deles a seu serviço. Ele também usará você, se deixar de dar desculpas.

Vigésimo Nono Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Servir não é questão de opção.

Um versículo para memorizar: Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos (Efésios 2.10; nvi).

Uma pergunta para meditar: O que está me impedindo de aceitar o chamado de Deus para servi-lo?
(Extraido livro Uma vida com proposito do pastor Rick Warren)

Dia 28 - ISSO LEVA TEMPO!

Tudo na terra tem seu próprio tempo, sua própria estação.
Eclesiastes 3.1; cev

E eu tenho certeza de que Deus, que começou a boa obra em vocês, continuará ajudando-os a crescer em sua graça até quando Sua tarefa em vocês estiver finalmente terminada naquele dia em que Jesus Cristo voltar.
Filipenses 1.6; bv

Não existem atalhos para chegar à maturidade.
Precisamos de vários anos para chegar à idade adulta, e é neces­sária toda uma estação para que uma fruta cresça e amadureça. O mesmo se dá com o fruto do Espírito. O desenvolvimento do caráter cristão não pode ser apressado. O crescimento espiritual, assim como o físico, requer tempo.
Quando você tenta amadurecer rapidamente um fruto, ele perde o sabor. Nos Estados Unidos, os tomates são normalmente colhidos antes do amadurecimento, a fim de que não fiquem machucados durante o transporte até o varejista. Então, antes de vendidos, os tomates verdes são vaporizados com co2, o que os torna vermelhos instantaneamente. Tomates vaporizados são comestíveis, mas não são páreo para o sabor de um tomate deixado para maturar lenta­mente no pé.
Enquanto nos preocupamos em crescer rapidamente, Deus se preo­cupa em que cresçamos fortes. Deus vê a nossa vida desde a eterni­dade e para a eternidade; então, nunca está com pressa.
Lane Adams certa vez comparou o processo de crescimento espiri­tual com a estratégia usada pelos aliados durante a Segunda Guerra Mundial na libertação das ilhas do Pacífico Sul. Primeiro “amaciavam” uma ilha, enfraquecendo a resistência com bombardeios nas fortificações a partir de navios ao longo da costa. A seguir, um peque­no grupo de fuzileiros invadia a ilha e estabelecia uma cabeça-de-praia” — minúscula parte da ilha que podiam controlar. Uma vez que a cabeça-de-praia estivesse segura, começavam o longo processo de libertação do resto da ilha, pouco a pouco. Com o tempo, toda a ilha ficava sob controle, mas sempre com algumas batalhas duras.
Adams traçou esta analogia: antes de Cristo invadir nossa vida na conversão, ele algumas vezes tem de nos “amaciar”, permitindo alguns problemas com os quais não pode­mos lidar. Embora algumas pessoas abram a vida para Cristo tão logo ele bata à porta, a maioria de nós resis­te e fica na defensiva. A experiência que temos antes da conversão é Je­sus dizendo: “Eis que estou a porta e bombardeio”!
No instante em que você se abre para Cristo, Deus estabelece uma “cabeça-de-praia” em sua vida. Você pode imaginar que já entregou toda a vida a ele, mas a verdade é que há uma grande parte dela da qual você nem tem conhecimento. Você só pode dar a Deus o tanto que compreende naquele momento. Está ótimo! Uma vez que Cristo tenha uma cabeça-de-praia, ele começa a campanha para conquistar mais e mais território, até que sua vida seja completamente dele. Existirão lutas e batalhas, mas a vitória é certa. Deus prometeu que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la.1
Discipulado é o processo no qual se toma a forma de Cristo. A Bíblia diz: ... a fim de que o corpo todo seja edificado até chegar o tempo em que, na unidade da fé em comum e do conhecimento em comum do Filho de Deus, alcancemos a verdadeira maturidade — aquela medida de desenvolvimento implícita na expressão “a pleni­tude de Cristo”.2 Tornar-se semelhante a Cristo é seu destino final, mas a jornada durará toda uma vida.
Até aqui, vimos que essa jornada envolve acreditar (pela adora­ção), pertencer (pela comunhão) e transformar-se (pelo discipulado). Deus quer que todos os dias você se torne mais parecido com ele: Você começou a viver uma nova vida, na qual está sendo feito de novo e se tornando como aquele que o criou.3
Hoje somos obcecados por velocidade, mas Deus se interessa mais por força e estabilidade do que por rapidez. Queremos o jeitinho, o atalho, a solução imediata. Queremos um sermão, um seminário ou uma experiência que resolva instantaneamente todos os problemas, retire to­das as tentações e nos alivie de toda dor. Mas a verdadeira maturidade nunca chega depois de uma única experiência, pois mais que seja poderosa ou emocionante. Crescer é um processo gradual. A Bíblia diz: Nossa vida vai se tornando gradualmente mais brilhante e mais boni­ta à medida que Deus entra nela e nos tornamos semelhantes a ele.4

Por que demora tanto tempo?
Embora Deus possa transformar-nos instantaneamente, ele escolheu nos desenvolver vagarosamente. Jesus é cauteloso no desenvolvi­mento de seus discípulos. Assim como Deus permitiu que os israeli­tas se apoderassem da Terra Prometida aos poucos,5 para que eles não fossem sobrepujados, ele prefere trabalhar gradualmente em nossa vida.
Por que levamos tanto tempo para mudar e crescer? Existem vári­as razões.

Aprendemos lentamente. É comum termos de aprender uma li­ção quarenta ou cinqüenta vezes para realmente captá-la. O proble­ma se repete periodicamente, e pensamos “De novo, não! Eu já aprendi isso!”, mas Deus é quem de fato sabe o de que precisamos. A história de Israel demonstra quão depressa nos esquecemos das lições que Deus nos ensina e a rapidez com que retornamos aos velhos padrões de comportamento. Precisamos de reiteradas explicações.

Temos muito a desaprender. Muitas pessoas vão ao psicólogo com um problema pessoal ou re­lacionai que levou anos para se desenvolver e di­zem: “Preciso que você dê um jeito em mim. Tenho uma hora”. Ingenuamente esperam uma solução rápida para uma dificuldade enraizada há anos. Como a maioria de nossos problemas e todos os nos­sos hábitos ruins não se desenvolvem da noite para o dia, não tem cabimento esperar que desapareçam imediatamente. Não há pílula, oração ou teoria que desfaça instantaneamente os danos de muitos anos. É necessário o trabalho duro de eliminação e substitui­ção. A Bíblia chama isso despir-se do velho homem e revestir-se do novo homem.6 Ainda que tenha recebido uma natureza inteiramente nova no momento da conversão, você ainda preserva os velhos hábi­tos, padrões e práticas que precisam ser eliminados e substituídos.

Temos medo de humildemente encarar a verdade sobre nós. Já destaquei que a verdade nos libertará, mas com freqüência nos torna, antes de tudo, infelizes. O medo do que poderíamos descobrir se encarássemos honestamente os defeitos de nosso caráter nos mantém aprisionados, negando a realidade. Somente quando se per­mite que Deus brilhe a luz de sua verdade sobre nossas faltas, fra­cassos e traumas é que podemos começar a trabalhar neles. É por isso que não podemos crescer sem uma postura de humildade dis­posta para a instrução.

Crescer é quase sempre doloroso e assustador. Não há cresci­mento sem mudanças, não existem mudanças sem medo ou perdas e não há perda sem dor. Toda mudança envolve perda de algum tipo. Você deve se livrar dos velhos hábitos para experimentar os novos. Tememos essas perdas, mesmo que nossos antigos costu­mes estejam fadados ao fracasso, pois, como um par de sapatos usa­dos, eram ao menos confortáveis e conhecidos.
Não raro as pessoas formam sua identidade em torno de seus defeitos.
Dizemos: “É bem o meu jeito de ser...” e “É desse jeito que eu sou”. A preocupação inconsciente é que, se eu me livrar de meu hábito, mi­nha dor ou minha inibição, em que me tornarei? Esse medo pode certamente retardar seu crescimento.

Hábitos levam tempo para se desenvolver. Lembre-se de que seu caráter é a soma total de seus hábitos. Você não pode se dizer gentil, a menos que seja habitualmente gentil; você demonstra gen­tileza sem nem mesmo pensar nisso. Você não pode afirmar que é integro, a menos que tenha o hábito de ser honesto. O marido fiel à mulher a maior parte do tempo não é de modo algum fiel! Seus hábitos definem seu caráter.
Só há uma maneira de desenvolver os hábitos do caráter seme­lhante ao de Cristo: praticá-los; e isso leva tempo! Não existem hábi­tos instantâneos. Paulo exortou Timóteo: Pratique essas coisas. De­dique sua vida a elas, para que todos possam ver seu progresso.7
Com tempo de prática, você fica bom em qualquer coisa. A repeti­ção é a mãe do caráter e da habilidade. Os hábitos que constroem o caráter são em geral chamados “disciplinas espirituais”, e existem dezenas de ótimos livros que ensinam a aplicá-las. Veja no “Apêndice 2” uma lista de livros recomendados para o crescimento espiritual.

Não se apresse
À medida que você cresce em direção à maturidade espiritual, exis­tem várias formas de cooperar com Deus durante o processo.

Creia que Deus está operando em sua vida, mesmo quando você não o sente. O crescimento espiritual é um trabalho às vezes tedioso, que progride um passo por vez. Conte com uma melhora gradual. A Bíblia diz: Tudo na terra tem seu próprio tempo e sua própria estação.8 Na vida espiritual, também existem estações. Às vezes você terá uma curta e intensa explosão de crescimento (esta­ção da primavera), seguida por um período de estabilidade e prova­ções (outono e inverno).
E quanto aos problemas, hábitos e mágoas que você gostaria de eliminar miraculosamente? Não há nada de errado em orar por um milagre, mas não fique decepcionado se a resposta vier por meio de uma mudança gradual. Com o tempo, uma correnteza lenta e firme desgastará a mais dura rocha e transformará penhascos gigantes em seixos. Com o tempo, um pequeno broto pode se transformar em uma sequóia gigante com mais de cem metros de altura.

Mantenha um caderno ou um diário com as lições aprendidas. Não se trata de um diário dos acontecimentos, mas de um registro do que você aprendeu. Anote os discernimentos e lições de vida que Deus lhe ensina sobre ele, sobre você, sobre a vida, sobre relaciona­mentos e sobre tudo o mais. Registre-os para que você possa revisá-los, relembrá-los e passá-los para a próxima geração.9 A razão pela qual devemos reaprender as lições é que as esquecemos. Reler seu diário espiritual regularmente pode lhe poupar muito sofrimento e desgosto desnecessários. A Bíblia diz: É crucial que prestemos muita atenção no que ouvimos, de modo que não nos desviemos.10

Seja paciente com Deus e consigo mesmo. Uma das frustra­ções da vida é que o cronograma de Deus raramente é igual ao nos­so. Estamos quase sempre apressados quan­do Deus não está. Talvez você se sinta frus­trado com o progresso aparentemente len­to que está fazendo na vida. Não se esque­ça de que Deus nunca é apressado, mas é sempre pontual. Ele usará todo o seu tem­po de vida a fim de prepará-lo para sua função na eternidade.
A Bíblia é cheia de exemplos de como Deus usa longos processos para desenvolver o caráter, especialmente nos líderes. Ele levou oi­tenta anos para preparar Moisés, incluindo quarenta no deserto. Por 14 600 dias ficou esperando e matutando: “Será que está na hora?”. Mas Deus continuava dizendo: “Ainda não”.
Ao contrário dos títulos de livros populares, não existem passos fáceis para a maturidade ou segredos da santidade instantânea.
Quando Deus quer fazer um cogumelo, ele o faz da noite para o dia; mas quando quer fazer um carvalho gigante, leva cem anos. Grandes almas são desenvolvidas através de lutas, tempestades e períodos de sofrimento. Tenha paciência com o pro­cesso. Tiago aconselhou: Não tentem se desviar de nada prematuramente. Deixem as coisas acontecerem, para que vocês se tornem maduros e desenvolvidos.11

Não desanime. Quando Habacuque ficou deprimido por achar que Deus não estava agindo rápido o suficiente, Deus lhe disse: Essas coisas que planejei não acontecerão porém imediatamente. Devagar, firmemente, e com certeza, vai se aproximando o tempo em que a visão será cumprida. Se parecer demorar muito, não se deses­pere, porque tudo vai acontecer mesmo! Seja paciente! O cumprimen­to dessa promessa não vai chegar nem um dia atrasado!12 O atraso não é uma negativa de Deus.
Lembre-se de quanto você já passou, não de quanto terá de pas­sar. Você não está onde quer, mas também não está onde costumava estar. Anos atrás, alguns americanos usavam um broche com as le­tras pfspdancaodem.. Significava: “Por favor, seja paciente. Deus ainda não concluiu a obra dele em mim”. Deus também ainda não concluiu a obra dele em você; então continue em frente. Até mesmo a lesma alcançou a arca por perseverar!

Vigésimo Oitavo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Não existem atalhos para che­gar à maturidade.

Um versículo para memorizar: Deus começou a fazer uma boa obra em vocês, e tenho certeza de que ele a continuará até que seja concluída, quando Jesus Cristo voltar outra vez (Filipenses 1.6; ncv).
Uma pergunta para meditar: Em qual área de meu cresci­mento espiritual preciso ser mais paciente e persistente?

(Extraido do livro "Uma vida com proposito" do pastor Rick Warren)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Dia 27 - Derrotando a tentação


Fuja de qualquer coisa que lhe provoque os pensamentos malignos que os rapazes muitas vezes têm, mas aproxime-se de qualquer coisa que o leve a querer fazer o bem. Tenha fé e amor, e sinta prazer na companhia daqueles que amam o Senhor e têm coração puro.
2 Timóteo 2.22; bv

Lembrem-se de que as tentações que sobrevêm à vida de vocês não são diferentes das que outros experimentam. E Deus é fiel Ele impedirá que a tentação se torne tão forte que vocês não possam suportá-la. Quando forem tentados, ele lhes mostrará uma saída, de modo que vocês não venham a cair.
1 Coríntios 10.13; nlt


Sempre há uma saída.
Pode ser que às vezes você sinta que uma tentação é forte demais para ser tolerada, mas isso é uma mentira de Satanás. Deus prome­teu nunca permitir que houvesse sobre você mais do que ele colocou dentro de você para lidar com a situação. Ele não permitirá nenhu­ma tentação que você não possa superar. Entretanto, você também deve fazer sua parte, praticando quatro fundamentos bíblicos para derrotar a tentação.

Redirecione sua atenção para outra coisa. Pode lhe surpreen­der, mas em nenhuma parte da Bíblia há orientação para “resistir à tentação”. Somos orientados a resistir ao Diabo,1 mas isso é muito diferente, como explicarei mais tarde. Em vez disso, somos aconse­lhados a redirecionar nossa atenção, porque resistir a um pensa­mento não funciona. Isso só aumenta nossa concentração na coisa errada e fortalece a sedução. Deixe-me explicar.
Toda vez que você tenta bloquear um pensamento, você o empur­ra mais para o fundo de sua memória. Resistindo, você na verdade o fortalece. Isso ocorre principalmente com as tentações. Você não der­rota a tentação combatendo a sensação que ela traz. Quanto mais você combate um sentimento, mais ele consome e controla você. Você o fortalece cada vez que pensa nele.
Como a tentação sempre começa com um pensamento, a forma mais rápida de neutralizar seu fascínio é desviar sua atenção para outra coisa. Não combata o pensamento, apenas mude o canal de sua mente e concentre seu interesse em outra idéia. Esse é o primeiro passo para derrotar a tentação.
Você ganha ou perde a batalha contra o pecado na mente. O que prende sua atenção prenderá você. Foi por isso que Jó falou: Fiz acordo com os meus olhos de não olhar com cobiça para as moças.2 E Davi orou: Não me deixes ficar pensando em coisas sem valor.3
Você já assistiu a um anúncio de comida na televisão e de forma súbita sentiu-se faminto? Você já ouviu alguém tossir e imediata­mente sentiu vontade de limpar a gar­ganta? Já assistiu a alguém dando um grande bocejo e sentiu o impulso de bocejar? [Você talvez esteja bocejando agora mesmo enquanto lê isto!] Esse é o poder da sugestão. Naturalmente nos movemos para onde dirigimos a atenção. Quanto mais você pensa a respeito de alguma coisa, com mais força ela se apodera de você.
É por isso que ficar repetindo “Eu preciso parar de comer tanto... ou parar de fumar... ou de me entregar ao desejo sexual ilícito” é uma estratégia contraproducente. Ela o mantém concentrado no que você não quer. É como anunciar: “Nunca vou fazer o que minha mãe fez”. Dizendo isso, você está apenas se programando para repetir o que foi feito.
A maioria das dietas não funciona porque mantém você pensan­do em comida o tempo todo, garantindo que você ficará faminto. Do mesmo modo, um orador que fique repetindo para si mesmo “Não fique nervoso!” programa-se para ficar nervoso! Em vez disso, ele deveria concentrar seus pensamentos em qualquer coisa, exceto suas sensações. Poderia concentrar-se em Deus, na importância do dis­curso ou nas necessidades dos que irão ouvi-lo.
A tentação começa capturando sua atenção. O que capta sua atenção desperta suas emoções. Então, suas emoções ativam seu comportamento e você age baseado no que sente. Quanto mais você se concentrar em “eu não quero fazer isso”, com mais força isso o aprisionará em sua teia.
Ignorar a tentação é muito mais eficiente do que combatê-la. Uma vez que sua mente esteja focada em alguma outra coisa, a tentação perde a força. Então, quando a tentação o chamar ao telefone, não discuta com ela, apenas desligue!
Não é raro que isso signifique sair fisicamente de uma situação tentadora. Trata-se de uma ocasião em que não é errado fugir. Levan­te e desligue o televisor. Afaste-se de um grupo que está fofocando. Deixe o cinema no meio do filme. Não fique evitando o ferrão; afaste-se das abelhas. Faça o que for necessário para desviar sua atenção em outra direção.
Da perspectiva espiritual, a mente é seu órgão mais vulnerável. Para reduzir a tentação, mantenha-a ocupada com a Palavra de Deus e com bons pensamentos. Você derrota os maus pensamentos pen­sando em algo melhor. É o princípio da substituição. Você sobrepuja o mal com o bem.4 Satanás não pode tomar sua atenção quando sua mente está preo­cupada com algo mais. É por isso que a Bíblia insiste em que mantenhamos a mente direciona­da: Fixem os seus pensamentos em Jesus.5 Lem­bre-se de Jesus Cristo.6
Encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadei­ro, digno, correto, puro, agradável e decente.7 Se você realmente quer derrotar a tentação, deve administrar sua mente e controlar o que absorve na mídia. O mais sábio homem que já viveu advertia: Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos.8 Não permita que lixo entre em sua mente sem critério. Seja seletivo. Escolha cuidadosamente aquilo em que pensar. Siga o exemplo de Paulo: Levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.9 Isso exige a prática de toda uma vida, mas com a ajuda do Espírito Santo você pode reprogramar sua forma de pensar.

Revele sua luta a um amigo devoto ou a um grupo de apoio. Você não tem de espalhar para todo o mundo, mas precisa ao menos de uma pessoa com quem possa abertamente partilhar sua luta. A Bíblia diz: É melhor ter um amigo do que ficar sozinho [...] se você cai, seu amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas, se você cai sem ter um amigo por perto, está realmente em dificuldades.10
Deixe-me ser claro: se você está perdendo a batalha contra um mau hábito persistente, um vício ou uma tentação e está emperrado em um ciclo repetitivo de “intenção-fracasso-culpa”, não irá se recupe­rar por conta própria! Você precisa da ajuda de outras pessoas. Algu­mas tentações são vencidas somente com a ajuda de um parceiro que ore por você e o incentive; alguém a quem você possa prestar contas. O plano de Deus para seu crescimento e libertação inclui outros cristãos. A comunhão honesta e autêntica é o antídoto para sua luta solitária contra os pecados difíceis de vencer. Deus diz que essa é a única forma de conseguir escapar: Portanto, confessem os seus pe­cados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados.11
Você realmente quer ser curado daquela tentação persistente, que o segue derrotando continuamente? A solução de Deus é simples: não a reprima, confesse! Não a oculte, exponha. Expor seus senti­mentos é o início da cura.
Esconder a dor só a intensifica. Os problemas crescem na escuri­dão, tornando-se cada vez maiores; mas, expostos à luz da verdade, murcham. Suas enfermidades têm a medida de seus segredos. Então tire a máscara, pare de fingir ser perfeito e venha para a liberdade.
Na Igreja de Saddleback, temos visto o impressionante poder desse princípio romper o domínio de tentações persistentes e de vícios apa­rentemente irrecuperáveis, por meio de um programa desenvolvido por nós chamado Celebrate Recovery [Celebrando a Recuperação]. É um processo bíblico de recuperação com oito etapas, baseado nas bem-aventuranças de Jesus e fundamentado em torno de pequenos grupos de apoio. Nos últimos dez anos, mais de cinco mil vidas foram libertas de todo tipo de hábitos, mágoas e vícios. Hoje, o programa é utilizado em milhares de igrejas. Eu o recomendo fervorosamente a sua igreja.
Satanás quer que você pense que seu pecado e sua tentação são exclusivos e que por isso você deve mantê-los em segredo. A verdade é que estamos todos no mesmo barco. Todos combatemos as mesmas tentações,12 e todos pecaram.13 Milhões já sentiram o que você sente e enfrentam as mesmas lutas que você enfrenta neste momento.
O motivo pelo qual escondemos nossos pecados é o orgulho. Que­remos que os outros pensem que temos tudo “sob controle”. A verda­de é que qualquer assunto sobre o qual você não possa falar já está fora de controle na sua vida: problemas com finanças, casamento, crianças, pensa­mentos, sexualidade, hábitos secretos ou qualquer outra coisa. Se você pu­desse resolvê-los por conta própria, já o teria feito. Mas não pode. Decisões pessoais e força de vontade não são suficientes.
Alguns problemas estão muito arraigados, tornaram-se muito rotineiros e muito grandes para que você os solucione por conta própria. Você precisa de um grupo pequeno ou de um parceiro para prestar contas, que vai incentivá-lo, apoiá-lo, orar por você, amá-lo incondicionalmente e chamá-lo à responsabilidade. Depois então, você pode fazer o mesmo por ele.
Sempre que alguém confia em mim, dizendo “Eu nunca disse isso a ninguém”, fico entusiasmado com aquela pessoa, porque sei que ela está para experimentar um grande alívio e libertação. A válvula de pressão está para ser aberta, e pela primeira vez ela vislumbrará uma esperança para o futuro. Isso sempre acontece quando fazemos o que Deus nos manda fazer; quando admitimos nossas lutas a um amigo que seja um cristão consagrado.
Deixe-me fazer uma pergunta difícil. O que você finge não ser um problema na sua vida? De que você tem medo de falar? Você não irá resolver isso por conta própria. Sim, é humilhante admitir nossas fra­quezas perante outras pessoas, mas é exatamente a falta de humildade que o está impedindo de melhorar. A Bíblia diz: Deus se opõe aos orgu­lhosos, mas concede graça aos humildes. Portanto, submetam-se a Deus.14

Resista ao Diabo. Após termos nos humilhado e submetido a Deus, somos orientados a desafiar o Diabo. A parte final de Tiago 4.7 diz: Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês. Não nos resignemos pacificamente diante de seus ataques. Devemos contra-atacar.
O Novo Testamento descreve muitas vezes a vida cristã como uma batalha espiritual contra as forças do mal, utilizando termos que aludem à guerra, como: “batalha”, “conquistar”, “luta” e “supe­rar”. Os cristãos são muitas vezes comparados a soldados servindo em território inimigo.
Como podemos resistir ao Diabo? Paulo explica: Usem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.15 O primeiro passo é aceitar a salvação de Deus. Você não será capaz de dizer não ao Diabo, a menos que tenha dito sim a Cristo. Sem Cristo não temos defesas contra o Diabo, mas com “o capacete da salvação” nossa mente é protegida por Deus. Lembre-se disto: se você é crente, Satanás não pode obrigá-lo a fazer coisa alguma. Pode apenas sugerir.
Segundo, você deve usar a Palavra de Deus como arma contra Satanás. Jesus deu o exemplo dessa atitude quando foi tentado no deserto. Toda vez que Satanás sugeria uma tentação, Jesus reagia citando as Escrituras. Ele não discutiu com Satanás. Ele não disse “Não estou com fome”, quando foi tentado a usar seu poder para uma necessidade pessoal. Ele simplesmente citou uma parte das Escrituras que havia memorizado. Nós devemos fazer o mesmo. Há poder na Palavra de Deus, e Satanás a teme.
Jamais tente argumentar com o Diabo. Ele argumenta melhor do que você, pois teve milhares de anos para praticar. Você não pode enganar Satanás com sua lógica ou opinião, mas pode usar a arma que o faz tremer — a verdade de Deus. É por isso que memorizar as Escrituras é absolutamente essencial para derrotar as tentações. Você a acessa rapidamente quando é tentado. Como Jesus, você tem a verdade guardada no coração, pronta para ser lembrada.
Se você não sabe nenhum versículo bíblico de cor, sua arma está sem balas! Eu o convido a memorizar um versícu­lo por semana, pelo resto de sua vida. Imagine como você ficará mais forte!

Perceba sua vulnerabilidade. Deus nos adverte para nunca ficarmos orgu­lhosos ou muito confiantes, que é a receita para a desgraça. Jeremias disse: O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua do­ença é incurável.16 Isso significa que somos bons em enganar a nós mesmos. Nas circunstâncias adequadas, qualquer um de nós é capaz de qualquer pecado. Não devemos jamais baixar a guarda e imaginar que somos imunes às tentações.
Não se ponha por descuido em situações que lhe tragam tenta­ções. Evite-as.17 Lembre-se de que é mais fácil ficar fora das tenta­ções do que sair delas. A Bíblia diz: Não seja imaturo nem autoconfiante. Você não é exceção. Você pode cair de cara no chão, como qualquer um. Esqueça a autoconfiança; ela não vale nada. Cultive a confiança em Deus.18


Vigésimo Sétimo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Sempre há uma saída.

Um versículo para memorizar: Deus é fiel. Ele impedirá que a tentação se torne tão forte que vocês não possam suportá-la. Quando forem tentados, ele lhes mostrará uma saída, de modo que vocês não venham a cair (1 Coríntios 10.13; nlt).

Uma pergunta para meditar: A quem eu poderia pedir para ser meu parceiro espiritual, para me ajudar a derro­tar uma tentação persistente, orando por mim?


(extraído do livro "Uma vida com propósito do Pastor Rick Warren)

Dia 26 - Crescendo por meio da tentação


Feliz é o homem que não cede e não pratica o mal quando é tentado, porque depois receberá como recompensa a coroa da vida que Deus prometeu àqueles que o amam.
Tiago 1.12; bv

Minhas tentações têm sido minhas mestras em teologia,
Martinho Lutero


Toda tentação é uma oportunidade para fazer o bem.
No caminho do amadurecimento espiritual, cada tentação se tor­na um degrau, em vez de uma pedra de tropeço, quando você se dá conta de que é uma oportunidade tanto para fazer a coisa certa quanto a errada. A tentação apenas apresenta uma escolha. Embora a tentação seja a principal arma de Satanás para a destruição, Deus quer utilizá-la para fortificar você. Toda vez que você escolhe fazer o bem em vez de pecar, está desenvolvendo o caráter de Cristo.
Para compreender isso, você deve primeiro identificar as qualida­des do caráter de Jesus. Uma das mais sucintas descrições de seu caráter são o fruto do Espírito: ... mansidão e domínio próprio; e aqui não há conflito algum com as leis judaicas.1
Essas nove qualidades são uma expansão do Grande Mandamen­to e fazem uma bela descrição de Jesus Cristo. Jesus é a perfeição do amor, da alegria, da paciência e de todos os outros frutos encarna­dos em uma única pessoa. Ter o fruto do Espírito Santo é ser seme­lhante a Cristo.
Como então o Espírito Santo produz em sua vida esse fruto com nove qualidades? Ele os cria instantaneamente? Será que algum dia, ao se levantar pela manhã, você será repentinamente preenchido de forma plena por essas características? Não. O fruto sempre se desen­volve e amadurece lentamente.
A próxima frase é uma das mais importantes verdades espiri­tuais que você pode aprender: Deus desenvolve o fruto do Espírito em sua vida, permitindo que você passe por situações nas quais é tentado a exteriorizar uma característica exatamente oposta! O de­senvolvimento do caráter sempre envolve uma escolha, e a tentação supre a oportunidade.
Por exemplo: Deus nos ensina a amar, pondo pessoas desagradá­veis ao nosso redor. Amar pessoas agradáveis que ainda por cima nos amam não exige nenhum cará­ter. Deus nos ensina a verdadeira ale­gria no meio da aflição quando nos voltamos para ele. A felicidade de­pende de circunstâncias externas, mas a alegria se baseia no seu rela­cionamento com Deus.
Deus faz a verdadeira paz desabrochar dentro de nós, não fazendo que tudo saia como planejamos, mas permitindo períodos de caos e confusão. Qualquer um pode ficar tranqüilo observando um belo pôr-do-sol ou relaxando durante as férias. Aprendemos a verdadeira paz quando optamos por confi­ar em Deus em situações nas quais somos tentados a ficar preocupa­dos ou temerosos. Da mesma forma, a paciência é cultivada em situ­ações nas quais somos forçados a esperar, enfrentando a tentação de nos revoltar por causa de nosso pavio curto.
Deus utiliza a situação oposta de cada aspecto do fruto para nos permitir fazer uma escolha. Você não pode afirmar que é bom, se jamais foi tentado a ser mau. Não pode se dizer fiel, se nunca teve a oportunidade de ser infiel. A integridade é construída ao se derrotar a tentação da desonestidade, a humildade cresce quando nos recu­samos a ser arrogantes e a resistência se desenvolve toda vez que resistimos à tentação de desistir. Cada vez que você derrota uma tentação, torna-se mais semelhante a Jesus.

Como a tentação funciona
É útil saber que Satanás é absolutamente previsível. Ele tem usado a mesma estratégia, bem como velhos truques, desde a Criação. Todas as tentações seguem o mesmo padrão. Foi por isso que Paulo falou: Somos bem familiarizados com os seus esquemas malignos.2 Na Bí­blia, aprendemos que a tentação segue um processo de quatro fases, que Satanás usou tanto em Adão e Eva quanto em Jesus.
Na primeira fase, Satanás identifica um desejo dentro de você. Pode ser um anseio pecaminoso, como o desejo de vingança ou de controlar os outros; pode ser um anseio normal e legítimo, como o desejo de ser amado, valorizado e de sentir prazer. A tentação começa quando Satanás sugere (com um pensamento) que você ceda a um desejo maléfico ou realize um desejo legítimo da forma errada ou na hora errada. Tome cuidado com atalhos; freqüentemente são tenta­ções. Satanás sussurra: “Você merece isso! Você deveria ter isso agora! Vai ser emocionante, confortante, vai fazer que você se sinta melhor”.
Pensamos que a tentação está ao nosso redor, mas Deus diz que ela começa dentro de nós. Se você não tiver o desejo interno, a tenta­ção não tem como atraí-lo. A tentação sempre começa na sua mente, e não na circunstância onde ela ocorre. Jesus disse: Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamen­tos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a in­sensatez. Todos esses males vêm de dentro? Tiago nos diz que existe um exército inteiro de maus desejos dentro de vocês.4
A segunda fase é a dúvida. Satanás tenta fazê-lo duvidar do que Deus disse sobre o pecado: “Será que é mesmo errado? Será que Deus realmente proibiu fazer isso? Não é possível que Deus tenha proibi­do isso para outro povo, em outra época? Deus não quer que eu seja feliz?”. A Bíblia adverte: Cuidado! Não deixem os maus pensamentos ou as dúvidas levarem algum de vocês a se afastar do Deus vivo.5
A terceira fase é o engano. Satanás é incapaz de falar a verdade e é chamado pai da mentira.6 Tudo que ele lhe disser será falso ou nada além de uma meia verdade. Satanás oferece a mentira para substituir o que Deus já disse em sua Palavra. Satanás diz: “Você não vai morrer. Você será mais esperto que Deus. Você pode se dar bem com isso. Ninguém vai saber. Vou resolver os seus problemas. Além do mais, todos estão fazendo isso. É apenas um pecadinho”. Mas um pecadinho é como uma gestação recente: acabará aparecendo.
A quarta fase é a desobediência. Você acaba agindo de acordo com a idéia com que vinha brincando em sua mente. O que começou como uma idéia nasce como uma conduta. Você cede a qualquer coisa que chamar sua atenção. Acredita nas mentiras de Satanás e cairá na armadilha sobre a qual Tiago alertou: ... as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus desejos. Então esses desejos fazem com que o pecado nasça, e o pecado, quando já está maduro, produz a morte. Não se enga­nem, meus queridos irmãos.7

Superando a tentação
Compreender como a tentação funciona é proveitoso em si, mas exis­tem passos específicos a ser tomados para que você a supere.

Recuse-se a ser intimidado. Muitos cristãos são aterrorizados e desmoralizados por pensamentos perturbadores, sentindo-se culpa­dos por não estar “além” da tentação. Eles se sentem envergonhados tão-somente por ter sido tentados. Isso é má compreensão da matu­ridade espiritual. Você jamais irá se livrar da tentação.
Em certo sentido, você pode considerar a tentação uma lisonja. Sa­tanás não tem de tentar aqueles que já realizam sua vontade diabólica; estes já pertencem a ele. A tentação é sinal de que Satanás odeia você, e não sinal de fraqueza ou de vida profana. Isso também faz parte de nossa natu­reza, pois somos humanos e vivemos em um mundo fora da presença de Deus. Não fique surpreso, abalado ou abatido por isso. Seja realista quanto à inevitabilidade da tentação; você jamais poderá evitá-la completamente. A Bíblia diz Quando uma tentação vier, e não se “uma tentação vier”. Paulo orienta: As tentações que vocês têm de enfrentar são as mesmas que os outros enfrentam.8
Ser tentado não é pecado. Jesus foi tentado, embora nunca tenha pecado.9 A tentação só se torna pecado quando você cede. Martinho Lutero disse: “Você não pode impedir que os pássaros voem sobre sua cabeça, mas pode impedi-los de fazer ninho nela”. Você não pode impedir o Diabo de sugerir pensamentos, mas pode escolher não mantê-los ou agir segundo eles.
Por exemplo: muitas pessoas não sabem a diferença entre atra­ção física ou estímulo sexual e desejo sexual ilícito. Não são a mes­ma coisa. Deus fez de cada um de nós um ser sexual, e isso é bom. Atração e estímulo são reações naturais e espontâneas à beleza físi­ca, enquanto o desejo sexual ilícito é uma atitude deliberada. Desejo sexual ilícito é a escolha de cometer em sua mente o que você gosta­ria de fazer com seu corpo. Você pode ser atraído, ou mesmo estimu­lado, sem escolher pecar pela cobiça sexual. Muitas pessoas, princi­palmente os homens cristãos, sentem culpa quando os hormônios, que foram dados por Deus, funcionam. Quando automaticamente notam uma mulher atraente, presumem que é desejo sexual ilícito e se sentem envergonhados e condenados. Mas atração não é desejo sexual ilícito até que você comece a insistir nela.
Na verdade, quanto mais próximo de Deus você ficar, mais Sata­nás se esforçará para tentá-lo. No instante em que você se torna filho de Deus, Satanás, como um assassino de aluguel, fecha um “contrato” para acabar com você. Você é seu inimigo, e ele conspira para sua derrocada.
Às vezes, enquanto você ora, Satanás irá sugerir um pensamento mau ou bizarro apenas para distraí-lo e envergonhá-lo. Não fique assustado ou envergonhado com isso, mas perceba que Satanás teme suas orações e tentará de tudo para interrompê-las. Em vez de ficar se condenando com pensamentos como “Como pude pensar uma coisa dessas?”, trate-o como uma distração de Satanás e volte imedi­atamente a se concentrar em Deus.

Reconheça seu padrão de tentação e esteja preparado para ele. Existem determinadas situações que o deixam mais vulnerável a tentações do que outras. Algumas circunstâncias o farão tropeçar quase imediatamente, enquanto outras não incomodam muito. São situações especiais para suas fraquezas, e você precisa identificá-las porque Satanás certamente as conhece! Ele sabe exatamente o que o faz cair, e trabalha constan­temente para colocá-lo nessas circunstâncias. Pedro adverte: Estejam alertas. O Diabo está pron­to para atacar, e o que mais lhe traria satisfação seria pegá-los cochilando.10
Pergunte a si mesmo: “Quando sou mais ten­tado? Em qual dia da semana? A que hora do dia?”. Pergunte: “Onde eu sou mais tentado? No trabalho? Em casa? Na casa do vizinho? Em um bar? No aeroporto ou em um hotel fora da cidade?”.
Pergunte: “Quem está comigo nos momentos em que sou mais ten­tado? Amigos? Colegas de trabalho? Uma multidão de estranhos? Quando estou só?”. Pergunte também: “Como normalmente me sinto quando sou mais tentado?”. Pode ser quando você está cansado, soli­tário, entediado, deprimido ou sob pressão. Talvez seja quando você está magoado, zangado, preocupado ou após um grande sucesso ou momento de enlevo espiritual.
Você deve identificar seu padrão característico de tentação e en­tão se preparar para evitar tais situações tanto quanto possível. A Bíblia diz continuamente para nos prevenirmos, preparando-nos para enfrentar a tentação.11 Paulo disse: Não dêem ao Diabo oportunida­de para tentar vocês.12 O planejamento sensato reduz a tentação.
Siga o conselho de Provérbios: Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus pianos darão certo.13 O povo de Deus evita os maus caminhos e se protege, observando o lugar por onde vai.14

Peça ajuda a Deus. O céu tem uma linha direta para emergências 24 horas por dia. Deus quer que você peça sua ajuda quando a ten­tação estiver muito forte. Ele diz: Clame a mim no dia da angústia; eu o livrarei, e você me honrará.15
Eu chamo isso de oração de “microondas”, porque é rápida e ob­jetiva: Socorro! sos! Quando bate a tentação, você não tem tempo para uma conversa longa com Deus; você simples­mente clama por socorro. Davi, Daniel, Pedro, Paulo e milhões de outros fizeram esse tipo de oração instantânea por ajuda na aflição.
A Bíblia garante que nosso pedido de socorro será ouvido, porque Jesus se compadece de nossa luta. Ele enfrentou as mesmas tenta­ções que enfrentamos. Não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas, sim, alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém sem pecado.16
Se Deus está esperando para nos ajudar a derrotar as tentações, por que não pedimos sua ajuda com mais freqüência? Falando com franqueza, às vezes não queremos ser ajudados! Queremos ceder à tentação, embora saibamos que é errado. Nesses momentos, pensa­mos saber mais do que Deus o que é melhor para nós.
Em outros momentos ficamos envergonhados de pedir auxílio a Deus, porque vimos cedendo à mesma tentação várias e várias ve­zes. Mas Deus jamais se irrita, se aborrece ou perde a paciência, enquanto continuamos nos voltando para ele. A Bíblia diz: Tenha­mos confiança e cheguemos perto do trono divino, onde está a graça de Deus. Ali receberemos misericórdia e encontraremos graça sempre que precisarmos de ajuda.17
O amor de Deus não se esgota, e sua paciência dura para sempre. Se você tiver de clamar pela ajuda de Deus mil vezes por dia a fim de derrotar uma tentação em particular, ele ainda estará ávido para lhe dar misericórdia e graça. Então venha corajosamente à presença de Deus. Peça-lhe forças para fazer a coisa certa e depois espere que ele lhe supra.
As tentações nos mantêm dependentes de Deus. Assim como as raízes crescem mais fortes quando o vento sopra contra a árvore, todas as vezes que enfrenta uma tentação você se torna mais semelhante a Jesus. Quando você tropeça — o que certamente ocorrerá —, isso não é fatal. Em vez de ceder ou desistir, busque a Deus, confie que ele o ajudará e lembre-se da recompensa que espera por você: Quando as pessoas são tentadas e ainda continuam fortes, devem ficar felizes. Depois de provada a sua fé, Deus as recompen­sará com vida para sempre.18


Vigésimo Sexto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Toda tentação é uma oportuni­dade para fazer o bem.

Um versículo para memorizar: Deus abençoa os que, pacientemente, suportam a provação. No final, recebe­rão a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam (Tiago 1.12; nlt).

Uma pergunta para meditar: Que atributo do caráter cris­tão posso desenvolver, derrotando a tentação mais fre­qüente em mim?


(extraído do livro "Uma vida com propósito" do pastor Rick Warren)

Dia 25 - Transformado pela provação


... pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.
2 Coríntios 4.17; nvi

É o fogo do sofrimento que produz o ouro da santidade.
Madame Guyon


Deus tem um propósito por trás de cada problema.
Ele usa as circunstâncias para desenvolver nosso caráter. Na ver­dade, ele se utiliza mais das circunstâncias para nos tornar seme­lhantes a Jesus do que da nossa leitura da Bíblia. A razão é óbvia: você se defronta com as circunstâncias da vida 24 horas por dia.
Jesus nos alertou dizendo que teríamos problemas no mundo.1 Ninguém está imune à dor ou livre de sofrer; e ninguém tem a opor­tunidade de atravessar a vida sem problemas. A vida é uma série de problemas. Toda vez que você resolve um, tem outro aguardando a vez. Nem todos são grandes, mas todos são importantes para o pro­cesso de crescimento que Deus tem para você. Pedro nos assegura de que problemas são normais: Queridos amigos, não se assustem nem se admirem quando vocês passarem pelas provas ardentes que estão para vir, pois isto não é coisa estranha nem fora do comum que lhes vai acontecer.2
Deus utiliza os problemas para trazê-lo para perto de si. A Bíblia diz: O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.3 Suas mais íntimas e profundas experiências de adoração ocorrerão provavelmente nos dias mais sombrios — quando seu coração estiver partido, você se sentir abandonado, não tiver mais nenhuma opção, a dor for intensa — e você buscar somen­te a Deus. É durante períodos de sofrimento que aprendemos a fazer nossas orações mais sinceras, autênticas e honestas para com Deus. Quando sentimos dor física ou emocional, não temos disposição para orações superficiais.
Joni Eareckson Tada observa: “Quando a vida é um mar de rosas, podemos passar o tempo adquirindo conhecimentos sobre Jesus, imitando-o, citando-o e falando sobre ele. Mas é somente ao sofrer que conheceremos Jesus”. No sofrimento, aprendemos coisas a res­peito de Deus que não podemos aprender de nenhuma outra forma.
Deus podia ter mantido José fora da cadeia,4 Daniel fora da cova dos leões,5 evitado que Jeremias fosse lan­çado em um poço de lama,6 impedido os três naufrágios de Paulo,7 evitado que os três jovens hebreus fossem jogados na fornalha em chamas8 — mas não o fez. Ele deixou que esses problemas ocorressem, e, em decorrência deles, cada um desses homens foi trazido para mais perto de Deus.
Os problemas nos forçam a olhar para Deus e a depender dele em vez de confiar em nós mesmos. Paulo testificou desse benefício: Senti­mos que estávamos condenados à morte e percebemos como éramos fracos demais para socorrermos a nós mesmos; isso, porém, foi bom, porque assim nós colocamos tudo nas mãos de Deus, o único que poderia salvar-nos, pois é capaz até de levantar os mortos.9 Você nun­ca saberá que Deus é tudo o que você precisa até que ele seja tudo o que você tiver. Independentemente da causa, nenhum de seus proble­mas poderia acontecer sem a permissão de Deus. Tudo o que ocorre a um filho de Deus é filtrado por ele, e ele pretende usar tudo isso para o bem, mesmo que Satanás e outros tencionem usar para o mal.
Uma vez que Deus está soberanamente no controle, acidentes são apenas circunstâncias do plano de Deus para você. Como todos os dias de sua vida foram escritos no calendário de Deus antes que você nascesse,10 tudo que acontece com você tem significado espiri­tual. Tudo! Romanos 8.28,29 explica por quê: Sabemos que Deus age em todas as coisas, de modo que trabalhem em conjunto para o bem dos que o amam e são chamados de acordo com o seu propósito. Pois Deus conhecia de antemão as pessoas e as escolheu para se tornarem iguais ao seu Filho.11

Compreendendo Romanos 8.28,29
Essa é uma das passagens bíblicas mais incompreendidas e erronea­mente citadas. Ela não diz: “Deus faz que tudo saia da forma que eu quero”. É lógico que isso não pode ser verdade. Também não diz: “Deus faz que tudo na terra acabe com um final feliz”. Isso também não é verdade. Existem muitos finais infelizes sobre a terra.
Vivemos em um mundo caído. Somente no céu tudo é perfeito, da forma que Deus quer. É por isso que temos de orar: Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.12 Para compreender inteiramente Romanos 8.28,29, você deve examinar frase por frase:

“Sabemos...” Nossa esperança em tem­pos difíceis não é fundamentada em pen­samentos positivos, em anseios ou em um otimismo natural. É uma certeza que se baseia na verdade de que Deus tem pleno controle do Universo e ama a todos nós.

“... que Deus age...” Há um Grande Projetista por trás de tudo. Nossa vida não é o resultado de um acaso fortuito, destino ou sorte. Existe um plano-mestre. A história pertence a Deus. É Deus quem controla o leme. Nós cometemos erros, mas Deus jamais. Deus não pode cometer um erro — porque ele é Deus.

“... em todas as coisas...” O plano de Deus para nossa vida en­volve tudo que nos acontece — erros, pecados e mágoas. Ele inclui doenças, dívidas, acontecimentos infelizes, divórcio e a morte de pessoas queridas. Deus pode fazer o bem aflorar da pior perversida­de. Ele fez isso no Calvário. Não de forma isolada ou independente­mente; os fatos de sua vida agem em conjunto, conforme o plano de Deus. Não são atos isolados, mas partes interdependentes do pro­cesso que o tornarão semelhante a Cristo. Para fazer um bolo, você utiliza farinha, sal, ovos crus, açúcar e óleo. Comidos isoladamente, cada ingrediente é bastante desagradável ou mesmo amargo. Mas asse-os juntos, e se tornarão deliciosos. Se você der a Deus todas as suas experiências horríveis e desagradáveis, ele as misturará para que se tornem agradáveis.

“... para o bem...” Isso não quer dizer que tudo na vida seja bom. Grande parte do que acontece no nosso mundo é mau e cruel, mas Deus é especialista em extrair o bem de tudo isso. Na genealogia oficial de Jesus Cristo,13 existem quatro mulheres listadas: Tamar, Raabe, Rute e Bate-Seba. Tamar seduziu seu sogro para engra­vidar. Raabe era prostituta. Rute nem mesmo era judia, e infringiu a lei casando com um judeu. Bate-Seba cometeu adultério com Davi, o que acabou causando o assassinato do marido. Não são exata­mente reputações excelentes, mas Deus fez que o bem resultasse do mal, e Jesus veio através dessa linhagem. O propósito de Deus é maior que nossos problemas, nosso sofrimento e até mesmo nossos pecados.

“... daqueles que o amam e são chamados...” Essa promessa é somente para os filhos de Deus, não para todos. Todas as coisas contribuem para o mal daqueles que vivem em oposição a Deus, insistindo em seguir o próprio caminho.

“... de acordo com o seu propósito...” Que propósito é esse? É que sejamos “iguais a seu Filho”. Tudo que Deus deixa acontecer na nos­sa vida é permitido por causa desse propósito!

Edificando um caráter semelhante ao de Cristo
Somos como jóias moldadas com o martelo e o cinzel da adversida­de. Se o martelete do Joalheiro não for forte o suficiente para aparar nossas arestas, ele usará uma marreta. Se formos realmente obstina­dos, ele utilizará uma britadeira. Usará o que for necessário.
Cada problema é uma oportunidade para edificação do caráter, e, quanto mais difícil for, maior será o potencial para o desenvolvimen­to de músculos espirituais e de fibra moral. Paulo disse: ... sabemos que essas dificuldades produzem paciência. E a paciência produz cará­ter.14 O que acontece exteriormente em sua vida não é tão importante quanto o que acontece dentro de você. As circunstâncias da vida são tempo­rárias, mas o caráter durará para sem­pre.
A Bíblia freqüentemente compara as provações ao fogo que refina o me­tal, queimando as impurezas. Pedro disse: Essas dificuldades vêm para provar que sua fé é pura. Essa pureza de fé vale mais que ouro.15 Foi feita a seguinte pergunta a um ourives: “Como você sabe que a prata é pura?”. Ele respondeu: “Quan­do vejo meu reflexo nela”. Quando você é refinado pelas provações, as pessoas podem ver o reflexo de Jesus em você. Tiago disse: Sob pres­são, a sua fé é forçada para fora e verdadeiramente se expõe.16
Visto que Deus tenciona torná-lo semelhante a Jesus, ele o fará passar pelas mesmas experiências que Jesus passou. Isso inclui soli­dão, tentação, pressão, críticas, rejeição e muitos outros problemas. A Bíblia diz que Jesus aprendeu a obedecer por meio dos seus sofri­mentos e foi aperfeiçoado por meio dos seus sofrimentos.17 Por que Deus nos eximiria de passar por aquilo que permitiu que seu próprio Filho passasse? Paulo disse: Enfrentamos exatamente o que Cristo enfrenta. Se enfrentamos tempos difíceis com ele, então certamente enfrentaremos tempos agradáveis com ele!18

Reagindo aos problemas como Jesus reagiria
Os problemas não produzem automaticamente a vontade de Deus. Muitas pessoas se tornam mais amargas em vez de melhorar, e nun­ca crescem. Você tem de reagir da forma que Jesus reagiria.

Lembre-se de que o plano de Deus é bom. Ele sabe o que é me­lhor para você e visa apenas a seu bem. Deus disse a Jeremias: Os planos que tenho para vocês [são] planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro.19 José compreendeu essa verdade quando, falando aos seus irmãos que o venderam como escra­vo, disse: Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem.20 Ezequias expressou os mesmos sentimentos em relação à doença que ameaçava tirar sua vida: Foi para o meu benefí­cio que tanto sofri.21 Sempre que Deus disser não ao seu pedido de alívio, lembre-se: Deus está fazendo o que é melhor para nós, treinando-nos para viver o melhor de sua santidade22
É vital que você se mantenha concentrado no plano de Deus, não no seu problema ou sofrimento. Foi assim que Jesus suportou o so­frimento na cruz, e somos exortados a seguir o seu exemplo: Mante­nham o olhar firme em Jesus, nosso líder e orientador23 Corrie ten Boom, que sofreu em um campo de concentração nazista, explicou o poder da concentração: “Se você olhar para o mundo, ficará aflito. Se olhar para si, ficará deprimido. Mas, se olhar para Cristo, ficará des­cansado!”. Seu enfoque determinará seus sentimentos. O segredo da resistência é lembrar-se de que o sofrimento é temporário, mas sua recompensa será eterna. Moisés agüentou uma vida de problemas porque contemplava a sua recompensa24 Paulo suportou as adversidades da mesma forma. Ele disse: Nossas dificuldades são pequenas e não durarão muito — e ainda produzem para nós glória imensurá­vel, que durará para sempre.25
Não se renda a considerações de curto prazo. Mantenha-se con­centrado no resultado final: E, se somos os seus filhos, então parti­ciparemos dos seus tesouros — pois tudo quanto Deus dá ao seu Filho Jesus agora é nosso também. Mas, se queremos participar da sua glória, precisamos participar também do seu sofrimento. Contu­do, aquilo que sofremos agora é insignificante, se compararmos com a glória que ele nos dará mais tarde.26

Exulte e agradeça. A Bíblia diz: Dêem graças em todas as cir­cunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.27 Como isso é possível? Repare que Deus nos manda dar gra­ças “em todas as circunstâncias”, e não “por todas as circunstânci­as”. Deus não espera que você seja agradecido pelo mal, pelo peca­do, pelo sofrimento ou por suas conseqüências dolorosas neste mun­do. Em vez disso, Deus quer que você seja grato por ele usar os problemas que o afligem para o cumprimento de seus propósitos.
A Bíblia diz: Alegrem-se sempre no Senhor.28 Ela não diz: “Ale­grem-se no seu sofrimento”. Isso é masoquismo. Você se alegra “no Senhor”. Não importa o que aconteça, você pode se alegrar no amor, na atenção, na sabedoria, no poder e na fidelidade de Deus. Jesus disse: Fiquem cheios de alegria quando isso ocorrer, pois há uma grande recompensa esperando por vocês no céu.29
Nós também podemos nos alegrar ao saber que Deus está passan­do pelo sofrimento junto conosco. Não servimos a um Deus distante e desligado, que se distancia de nós e tenta nos motivar com frases feitas. Ao contrário, ele entra no nosso sofrimento. Jesus fez isso ao encarnar, e hoje é seu Espírito que faz isso em nós. Deus jamais nos deixará por nossa conta.

Recuse-se a desistir. Seja paciente e persistente. A Bíblia diz: Entendam que [os problemas] vêm para lhes testar a fé e gerar em vocês perseverança. Mas deixem que esse processo continue até que a perseverança se desenvolva completamente, e descobrirão que se tornaram homens de caráter maduro, de integridade, sem nenhum ponto fraco.30
A construção do caráter é um processo lento. Sempre que tentamos evitar ou escapar das difi­culdades da vida, invalidamos o processo, atra­samos nosso crescimento e na verdade acaba­mos com um tipo de sofrimento ainda pior — o tipo inútil, que acompanha a negação e a rejeição. Quando você compreende as conse­qüências eternas do desenvolvimento de seu caráter, faz menos orações do tipo “Consola-me” (“Faze que eu me sinta melhor”) e mais ora­ções do tipo “Torna-me adequado” (“Usa isso para tornar-me mais semelhante a ti”).
Você sabe que está amadurecendo quando começa a ver a mão de Deus nos acontecimentos aleatórios e confusos e nas circunstâncias da vida aparentemente sem sentido.
Se você estiver enfrentando problemas neste exato momento, não pergunte: “Por que eu?”. Em vez disso, pergunte: “O que você quer que eu aprenda?”. Então confie em Deus e siga fazendo o que é certo. Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a von­tade de Deus, recebam o que ele prometeu?31 Não desista — cresça!


Vigésimo Quinto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Existe um propósito por trás de cada problema.

Um versículo para memorizar: Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito (Romanos 8.28; nvi).

Uma pergunta para meditar: Qual problema na minha vida me trouxe mais crescimento?


(extraído do livro "Uma vida com propósito" do pastor Rick Warren)